ECOANDO CIÊNCIA: UEPB e Instituto ECOAMA selam parceria pela ciência cidadã e biodiversidade, com destaque para entrevista com o professor Sérgio Lopes

Por Sérgio Melo | Paraíba Cultural
Estávamos eu, Romério Zeferino e Pablo David Queiroz de Barros, todos companheiros do Instituto ECOAMA, em uma visita à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) motivada por um propósito claro: conhecer de perto os projetos de extensão desenvolvidos pela universidade e fortalecer os laços institucionais entre o ECOAMA e o Projeto de Extensão da UEPB.
Nossa chegada foi recebida com entusiasmo, e logo iniciamos uma conversa produtiva com o professor Sérgio de Faria Lopes, que demonstrou grande otimismo quanto ao avanço das ações de extensão universitária e, sobretudo, à busca de parcerias estratégicas para fortalecer o planejamento e a execução de projetos voltados à educação ambiental, ciência cidadã e conservação da biodiversidade.
Foi em meio a essa sinergia de ideias que surgiu o convite para que o professor Sérgio Lopes participasse do mutirão organizado pelo Instituto ECOAMA no Sítio Oiti, em Lagoa Seca. Ele já havia marcado presença no primeiro mutirão da instituição, realizado na caatinga paraibana, no município de Massaranduba. A participação do professor nesses momentos reafirma seu compromisso com o diálogo entre a universidade e a sociedade, fortalecendo a ponte entre pesquisa, ensino e extensão.
Quem é Sérgio de Faria Lopes?
Doutor em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestrado em Ecologia pela mesma Instituição e graduado em Filosofia pela Universidade Estadual da Paraíba e Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia, Sérgio Lopes é professor do Departamento de Biologia da UEPB e atua como coordenador do Laboratório de Ecologia Vegetal Integrativa (LEVIN).
Sua trajetória acadêmica e profissional é marcada pela dedicação à ecologia de ecossistemas semiáridos, com ênfase em ecologia vegetal (principalmente ecologia da Caatinga), etnobotânica, ecologia da restauração, conservação da biodiversidade e ensino de ciências. Além disso, coordena o projeto de extensão ECOANDO CIÊNCIA, que tem como objetivo principal promover a divulgação científica das pesquisas realizadas pelos laboratórios de ecologia da UEPB, principalmente do LEVIN e a educação ambiental por meio de redes sociais, oficinas, exposições e parcerias com escolas, associações e comunidades rurais.
ENTREVISTA | Prof. Sérgio Lopes: “A divulgação científica é o primeiro passo para a aproximação entre universidade e sociedade”
Por Sérgio Melo
A conversa com o professor Sérgio Lopes aconteceu em meio a um momento fértil de articulação entre universidade e sociedade. Na visita institucional feita pelo Instituto ECOAMA à Primeira Mostra de Pesquisa e Extensão da UEPB, realizada na Praça do Mercado Municipal de Lagoa Seca, vivenciamos o compromisso de docentes e pesquisadores que acreditam na extensão como ponte real entre o conhecimento científico e os territórios. Sérgio Lopes, referência nas áreas de ecologia, etnobotânica e educação ambiental, nos recebeu com entusiasmo e clareza ao apresentar o projeto ECOANDO CIÊNCIA, que agora inicia uma parceria promissora com o ECOAMA. A seguir, ele compartilha detalhes do projeto e a importância da ciência cidadã no enfrentamento dos desafios socioambientais do semiárido.
Você poderia nos falar sobre a importância da divulgação científica nos tempos atuais?
Prof. Sérgio Lopes – A divulgação científica, assim como a ciência cidadã e a popularização da ciência, é de extrema importância nos tempos atuais. O primeiro passo seria aproximar a universidade da comunidade — local e regional — mostrando como ela pode impactar positivamente na resolução dos problemas que vão surgindo. No meu caso, tratamos de questões ambientais. A divulgação científica ajuda a desmistificar informações falsas e a mostrar o real propósito das pesquisas, fazendo com que as pessoas entendam a importância do investimento público em ciência.
E como surgiu o projeto ECOANDO CIÊNCIA?
O Ecoando Ciência é um projeto de extensão vinculado ao Laboratório de Ecologia Vegetal Integrativa, o LEVIN, da UEPB. Durante a pandemia, sem atividades presenciais, criamos um perfil no Instagram e um canal no YouTube para divulgar temas ligados à ecologia, meio ambiente e conservação da natureza. Com o retorno das atividades, formalizamos essa iniciativa como projeto de extensão institucional em 2020.
Quais ações foram desenvolvidas mais recentemente?
Até o ano passado, nossas ações eram apenas digitais. Em 2024, saímos do online e fomos às escolas municipais e estaduais com exposições científicas, jogos didáticos e palestras sobre as pesquisas do nosso laboratório. Fomos muito bem recebidos. Agora, em 2025, queremos ampliar nosso público, levando as ações também para associações e sindicatos de agricultores agroecológicos, além de praças públicas — como já fizemos em Lagoa Seca.
Como o projeto funciona na prática?
O projeto participa anualmente do edital da Pró-Reitoria de Extensão. Temos uma equipe de cerca de 30 pessoas, incluindo alunos da graduação, mestrado, doutorado, professores e pesquisadores do INSA. Nem todos participam ao mesmo tempo, por isso fazemos divisões de tarefas e planejamentos por etapas — tanto digitais quanto presenciais.
Quais são as próximas metas para o ECOANDO CIÊNCIA em 2025?
Temos um planejamento semestral e o projeto permanece ativo durante todo o ano. Em janeiro retomamos com as ações digitais e, em fevereiro, as visitas presenciais. Este ano, queremos dar um foco maior na ecologia da Caatinga, com oficinas sobre abelhas sem ferrão, quintais produtivos, sistemas agroflorestais e plantas medicinais. A ideia é atuar com associações e sindicatos rurais agroecológicos, promovendo processos de capacitação.
Qual o papel da universidade na construção do conhecimento junto à sociedade?
A apropriação social do conhecimento acontece quando conseguimos unir a produção acadêmica com os saberes das comunidades. É um diálogo entre o conhecimento sistematizado e a vivência das pessoas que atuam na prática — seja na Caatinga, em sítios ou sistemas agroflorestais. Nosso objetivo é construir soluções conjuntas, valorizando tanto a ciência quanto os saberes tradicionais, para responder aos desafios reais dos territórios.
Mais do que uma parceria entre instituições, o que se constrói aqui é uma rede viva de colaboração, onde saberes acadêmicos e populares caminham lado a lado. A união entre o projeto ECOANDO CIÊNCIA, da UEPB, e o Instituto ECOAMA representa uma nova etapa na luta pela conservação da biodiversidade, pela valorização da Caatinga e pela promoção de uma educação ambiental que pulsa no chão da zona rural. Ao levar ciência cidadã, oficinas, mutirões e práticas sustentáveis para escolas, praças, associações e sítios, essa aliança mostra que é possível ecoar conhecimento e esperança onde mais se precisa: nos territórios que resistem, cultivam e transformam.