Cuité se move pelo futuro: planejamento ambiental, cultura e inovação para transformar a cidade em polo de referência no Curimataú
Por Sérgio Melo
Em tempos em que a crise climática desafia administrações públicas e cobra ações urgentes e estruturantes, é inspirador presenciar exemplos locais que transformam discurso em prática. A cidade de Cuité, localizada na microrregião do Curimataú Ocidental da Paraíba, tem dado passos firmes rumo a um futuro mais verde, inteligente e culturalmente conectado.
Na busca por um modelo de desenvolvimento sustentável, o município — sob a liderança do prefeito Caio Camaraense — vem protagonizando uma parceria estratégica com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio do seu Jardim Botânico, com foco na criação do Inventário Arbóreo de Cuité. A proposta é pioneira para cidades de médio porte do interior paraibano e marca o início de um amplo programa de responsabilidade socioambiental que pretende fazer da cidade uma referência na valorização da biodiversidade e no ordenamento ambiental do espaço urbano.
Como gestor ambiental e comunicador, tive a honra de acompanhar esse movimento desde suas primeiras articulações. A sensibilidade do prefeito Caio Camaraense ao propor um programa verde para o município, valorizando o bioma local e integrando ciência, educação e desenvolvimento, é uma demonstração clara de que é possível fazer gestão com visão de futuro.
No último dia 10 de maio de 2025, mais um capítulo importante dessa transformação foi escrito. Participamos de uma reunião estratégica que reuniu nomes fundamentais nessa construção: o empresário Marcos Inácio, o diretor do Jardim Botânico da UEPB, Arnaldo Bezerra de Menezes, e representantes da RUTech, empresa de tecnologia especializada em inteligência territorial e gestão ambiental. O encontro visou planejar ações integradas que envolvam cultura, turismo, sustentabilidade e educação ambiental, transformando o território de Cuité em um polo cultural, ecológico e turístico de referência no Nordeste brasileiro.
A RUTech já realizou sua primeira visita técnica à área que será transformada em unidade de conservação ambiental, parte de um projeto maior idealizado por Marcus Inácio: um complexo cultural e ecológico, voltado à conservação do bioma local, à educação ambiental e à promoção do turismo responsável. Essa iniciativa visa conectar o Curimataú a uma crescente rede de visitantes que buscam experiências autênticas, em harmonia com a natureza, a cultura e a gastronomia regional.
Durante a tarde, também nos reunimos com Rafael Pimenta, secretário municipal do Meio Ambiente, e com a diretora de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Wellem Martins, para alinharmos o cronograma das ações que estão prestes a iniciar. Participaram da reunião o diretor do Jardim Botânico da UEPB, Arnaldo Bezerra de Menezes, o engenheiro agrônomo Alex Santos de Deus, responsável técnico pelo Inventário Arbóreo, e eu, representando a comunicação ambiental do projeto. Discutimos, entre outros pontos, a integração com alunos da UFCG, que colaborarão tecnicamente no levantamento arbóreo da cidade.
Essa união de forças entre poder público, universidade, iniciativa privada e comunidade acadêmica sinaliza um novo modelo de governança territorial. Cuité se posiciona, assim, no mesmo patamar de municípios que, mesmo com porte médio, têm investido no meio ambiente como vetor de desenvolvimento social, cultural e econômico. É o caso de cidades como Triunfo (PE), Penedo (AL) e Rio do Fogo (RN), que vêm utilizando o patrimônio natural e histórico como base para políticas públicas de fortalecimento do ecoturismo e do bem-estar da população.
Dados recentes da OMT (Organização Mundial do Turismo) e do Ministério do Turismo revelam que o ecoturismo e o turismo cultural crescem cerca de 20% ao ano no Brasil — ritmo muito superior ao do turismo convencional. Isso mostra uma clara mudança de perfil nos visitantes, que buscam experiências com propósito, conexão com a natureza e imersão em culturas autênticas. E o Curimataú paraibano, com sua riqueza natural, cultura forte e gastronomia diversa, tem todos os elementos para se destacar nesse cenário.
A atual gestão municipal compreende que desenvolvimento e conservação não são caminhos opostos, mas complementares. E essa visão administrativa trará impactos positivos não apenas para Cuité, mas para toda a região, tornando o município referência em políticas públicas coerentes com os desafios climáticos e as demandas sociais do século XXI.
A iniciativa da cidade de Cuité mostra que é possível pensar o futuro a partir de ações concretas no presente. Ao buscar apoio técnico do Jardim Botânico da UEPB, a gestão municipal demonstra responsabilidade e visão. Ampliando a parceria com a UFCG, que já desenvolve esforços para criar um jardim botânico no município, fortalece-se ainda mais a cooperação entre a academia e a sociedade. Esse esforço conjunto representa um novo modelo de gerenciamento público, ancorado em programas e projetos bem definidos, com foco no conhecimento técnico, pesquisa científica e planejamento urbano sustentável em articulação direta com as universidades UEPB e UFCG. Nesse contexto, a Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB) também participará ativamente do processo, por meio de sua presidente Zenaide Nunes, que contribuirá na construção do estatuto do futuro Jardim Botânico da UFCG, fortalecendo sua institucionalização e colaborando diretamente para a constituição de mais um jardim botânico brasileiro voltado à conservação, educação e desenvolvimento regional.
Com planejamento técnico, valorização da biodiversidade, incentivo à educação ambiental e investimento em cultura e turismo sustentável, Cuité está construindo um legado. Um modelo que inspira, conecta e mostra que o interior paraibano pode, sim, ser protagonista de um novo tempo — onde o futuro se planta com árvores, se preserva com cuidado e se colhe com consciência.
