João Pessoa, a cidade que mais lê livros no Brasil — um orgulho para a Paraíba

Foto: Estúdio Q-Ideia (IA) – Sérgio Melo
Por Sérgio Melo | Paraíba Cultural
Dias atrás, fui surpreendido por uma notícia que me encheu de alegria e orgulho: João Pessoa, a nossa capital paraibana, lidera o ranking nacional de leitura, segundo a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Li a matéria na Revista Fórum, e, confesso, imediatamente pensei: preciso compartilhar essa boa nova com os leitores e leitoras do Paraíba Cultural.
Em um Brasil onde as telas muitas vezes ocupam todo o tempo livre das pessoas, ainda há quem pare, respire, folheie páginas e mergulhe em histórias. E João Pessoa está na dianteira desse movimento silencioso, mas poderoso. De acordo com o levantamento, realizado pelo Instituto Pró-Livro em parceria com a Fundação Itaú e o IPEC, nada menos que 64% das pessoas entrevistadas na capital paraibana afirmaram ter lido um livro — impresso ou digital — nos três meses anteriores à pesquisa. Um número expressivo, que nos coloca no topo do país.
E por que isso importa tanto?
Porque ler transforma. Ler amplia horizontes, fortalece o pensamento crítico, nos conecta com outras culturas, ideias e sentimentos. E saber que a cidade de João Pessoa está puxando essa fila, numa espécie de resistência literária em tempos de distrações velozes, é mais que simbólico: é estratégico.
A pesquisa mostra que esse hábito não é exclusividade das metrópoles do Sudeste. Pelo contrário. Na sequência do ranking aparecem Curitiba (63%) e Manaus (62%), mas é o Norte e o Nordeste que mostram força, com destaque também para Belém (61%), Teresina e São Luís (ambas com 59%), Aracaju (58%) e Salvador (57%).
São cidades onde a leitura pulsa nas escolas, nos saraus, nas feiras literárias, nas bibliotecas comunitárias — muitas vezes mantidas à base de voluntariado, parcerias e muita paixão. Em João Pessoa, a cena cultural tem se fortalecido com festivais literários, bibliotecas públicas renovadas, ações de incentivo à leitura nos bairros e um protagonismo juvenil que emociona. Iniciativas como os clubes de leitura nas escolas, projetos em praças e eventos como a FLIPJP (Feira Literária de João Pessoa) ajudam a explicar esse resultado.
Claro que ainda temos muitos desafios pela frente. O acesso ao livro segue desigual, principalmente quando olhamos para comunidades periféricas e zonas rurais. Mas ver a capital paraibana como exemplo nacional de engajamento literário é uma conquista que merece ser celebrada e ampliada.
Como jornalista, como paraibano e como alguém que acredita no poder das palavras para transformar o mundo, fico esperançoso com esses dados. Que João Pessoa siga inspirando outras cidades, inclusive aqui no interior da Paraíba, a investir mais em leitura, cultura e formação cidadã. E que a gente nunca deixe de abrir um livro, nem de contar nossas histórias.
Parabéns, João Pessoa. Que esse título de “cidade que mais lê” se transforme, cada vez mais, em políticas públicas sólidas, bibliotecas cheias, jovens escrevendo, professores valorizados — e um futuro mais justo, mais criativo e mais leitor.