Abelhas sem ferrão: ouro líquido que pode transformar a Paraíba

 Abelhas sem ferrão: ouro líquido que pode transformar a Paraíba

Foto: Estúdio Q-Ideia/Sérgio Melo

Por Sérgio Melo — Paraíba Cultural

 

Sempre que falo sobre abelhas nativas sem ferrão, sinto que estou apresentando um tesouro que muitos brasileiros ainda desconhecem. Pequenas, discretas e incrivelmente eficientes, essas abelhas — como a Uruçu-nordestina, a Jataí e a Mandaguari-preta — são mais do que produtoras de mel: elas são engenheiras da biodiversidade, responsáveis pela polinização de frutas, hortaliças e plantas nativas que sustentam a vida no campo e nas cidades.

O Nordeste já conta com exemplos inspiradores. No Ceará, cooperativas de meliponicultores conseguiram elevar a renda de comunidades inteiras ao organizar a produção, padronizar a qualidade e investir em embalagens e certificações. Na Bahia, produtores têm exportado mel de Uruçu para mercados exigentes, como o Japão e países do sudeste asiático, onde o mel das abelhas sem ferrão é valorizado como um alimento funcional de alto padrão. No Rio Grande do Norte, pequenos criadores estão vendendo não só o mel, mas também própolis, cera e até colônias, com valor agregado que supera muitas culturas agrícolas.

E a Paraíba? Temos aqui um potencial imenso e ainda pouco explorado. Nosso clima, nossa vegetação e a riqueza de espécies nativas nos colocam entre os melhores territórios do Brasil para a meliponicultura. Mas para transformar potencial em resultado, é preciso investimento, crédito e planejamento. Não basta produzir — precisamos garantir padrão de qualidade, certificações sanitárias e estratégias comerciais voltadas para exportação.

Imagine a Paraíba se posicionando como referência no mercado internacional de mel de abelhas sem ferrão, especialmente no Oriente e no Sul Global, onde existe uma demanda crescente por alimentos naturais, com propriedades medicinais e produzidos de forma sustentável. Isso não é sonho distante: é um mercado real, disposto a pagar caro por um produto raro, autêntico e certificado.

Para chegar lá, precisamos unir produtores, instituições de pesquisa, órgãos de fomento e governo. Programas de capacitação, linhas de crédito específicas, incentivos para formação de cooperativas e apoio à certificação de origem são passos essenciais. Quanto mais valorizarmos as nossas abelhas, mais fortalecemos a economia rural, preservamos a biodiversidade e colocamos a Paraíba no mapa da exportação de produtos premium.

Cuidar das abelhas sem ferrão é cuidar do futuro. E o futuro, se depender delas, pode ser doce, sustentável e economicamente transformador para o nosso estado.

 

 

Foto: Estúdio Q-Ideia/Sérgio Melo

 

 

 

Sérgio MeloJornalista e Gestor Ambiental. Coordenador de projetos de Educação Ambiental no portal Paraíba Cultural e no Q-Ideia – Design e Comunicação. Atua em ações integradas de sustentabilidade, cultura e desenvolvimento territorial no Estado da Paraíba.

 

 

 

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