VI CONANE Nacional: sonhos que constroem realidades na Escola dos Sonhos

Por Sérgio Melo
Fui convidado a participar da VI CONANE Nacional – Paraíba 2025, realizada na inspiradora Escola dos Sonhos, em Bananeiras, no coração do Brejo paraibano. O convite veio com o propósito de colaborar na área de comunicação e transmissão das palestras — tarefa desafiadora e gratificante, pois a CONANE é um evento dinâmico, com várias atividades acontecendo simultaneamente, exigindo organização e sensibilidade para captar a essência de cada momento.
Agradeço, de coração, pela hospitalidade e acolhimento de sempre do casal Leila e Luciano Sarmento, que, junto com toda a equipe da escola — representando a cooperativa que administra a Escola dos Sonhos — conduzem essa experiência educativa com sabedoria, empatia e um raro senso de liderança coletiva. São pessoas que inspiram, não apenas pelo que fazem, mas pela forma como acreditam no poder transformador da educação.
Mais uma vez, segui viagem com meus camaradas Romério e Val Zeferino. Na terça-feira, partimos de Campina Grande, na Serra da Borborema, rumo ao Brejo paraibano. Chegamos a Bananeiras com o espírito cheio de expectativas e com a missão de auxiliar nos preparativos e no planejamento técnico antes da abertura do evento.
Durante os três dias de conferência, vivi experiências marcantes e inesquecíveis. Entre elas, destaco as palestras de Sidarta Ribeiro e Terezinha Rios, que atraíram a atenção de todos. O público aguardava ansiosamente por esses momentos, e a cada palavra proferida, percebia-se a força de uma sabedoria que toca fundo.
Sidarta Ribeiro nos convidou a refletir sobre a escola como o espaço onde “plantamos os sonhos que transformam o planeta”, afirmando que a educação deve ser o terreno fértil onde germinam as utopias coletivas que sustentam o futuro da humanidade.
Já Terezinha Rios, com sua fala mansa e filosófica, lembrou que “educar é um ato que exige amor e coragem; é preciso alegria e criticidade para aprender e ensinar”. Palavras que ecoaram como um lembrete de que a formação humana vai muito além do conteúdo: é ética, sensibilidade e compromisso social.
Outro momento de profunda reflexão veio com o educador Abdalaziz de Moura, que destacou a importância de “reconhecer o território como parte viva da escola”, onde a educação precisa dialogar com a natureza, com a cultura e com o trabalho. Sua visão reforça a ideia de que a escola não está isolada — ela pulsa junto à comunidade e ao meio ambiente.
Mas a CONANE não é feita apenas de palavras: é uma celebração viva de arte e cultura. Um dos aspectos mais encantadores foram as intervenções artísticas que aconteciam entre as atividades. O som dos tambores e pífanos surgia repentinamente, ecoando pelos espaços da escola. Era o sinal de que algo havia terminado e outro momento estava prestes a começar. Cada batida marcava o ritmo do evento — uma transição simbólica entre o pensar e o sentir, o saber e o viver.

O encerramento foi apoteótico. Partimos todos — alunos da Escola dos Sonhos, coordenadores, palestrantes e participantes — em uma caminhada simbólica partindo da Igreja Matriz de Bananeiras em direção à praça central.
O Cortejo dos Tambores dos Sonhos, com o som contagiante do maracatu, coco e pífano, transformou as ladeiras de Bananeiras em um grande palco de celebração. Foi um momento de comunhão e encantamento coletivo, uma manifestação cultural que uniu educação, arte e pertencimento, emoldurada pela arquitetura única da cidade, formando quadros vivos em enquadramentos memoráveis que pareciam contar a história e a alma do Brejo paraibano.
Na praça central, os estudantes da Escola dos Sonhos apresentaram dança, teatro, música clássica e regional, encerrando com o emocionante Reisado dos Sonhos. A praça, tomada pela energia dos participantes, tornou-se o verdadeiro símbolo da educação transformadora: viva, plural e profundamente enraizada na cultura popular.
O evento foi concluído com a “Fechança”, o Forró dos Sonhos, que reuniu todos em uma roda de alegria, celebração e partilha. Entre sorrisos, danças e abraços, ficou o sentimento de que estávamos vivendo algo muito maior do que uma conferência — era um encontro de corações, ideias e esperanças.
Ao final, voltei com a certeza de que cada edição da CONANE renova o compromisso de quem acredita na educação como prática de liberdade. Como diria Paulo Freire, “a educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
E foi exatamente isso que vi florescer na Escola dos Sonhos: pessoas mudando o mundo, uma experiência educativa de cada vez.

Sérgio Melo
Jornalista e Gestor Ambiental. Coordenador de projetos de Educação Ambiental no portal Paraíba Cultural e no Q-Ideia – Design e Comunicação. Atua em ações integradas de sustentabilidade, cultura e desenvolvimento territorial no Estado da Paraíba.