IX Festival Internacional Cinema e Transcendência
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL – 7 A 18 DE DEZEMBRO DE 2022.
O sertão mitológico, místico, poético, indígena, africano, mouro, ibérico, encoberto por lendas, festejos e cordéis, causos, coronéis, jagunços e cangaceiros é o foco do FESTIVAL INTERNACIONAL CINEMA E TRANSCENDÊNCIA, que faz uma edição especial em 2022. Este ano, o festival quer apresentar o Brasil profundo, desconhecido de muitos brasileiros, em diálogo com Portugal, fazendo uma homenagem ao bicentenário da independência do Brasil. Realizado pelo Centro Cultural Banco do Brasil Brasília, o 9º FESTIVAL CINEMA E TRANSCENDÊNCIA acontece de 7 a 18 de dezembro, trazendo filmes, palestras, shows, oficinas, cortejos e muito mais.
Esse esforço por compreender a “alma brasileira” começa logo na abertura, com a exibição de “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, obra-prima de Glauber Rocha. O filme será exibido no Teatro do CCBB, logo após a apresentação do show Duo Outros Sertões, com Maísa Arantes e Marcelo Nader, às 19h. A entrada é franca (mediante retirada de ingressos na bilheteria e no site bb.com.br/cultura).
O Festival acontece de quarta a domingo, de 7 a 18 de dezembro, com uma programação que inclui 31 atividades. Doze delas foram criadas para o público infanto-juvenil, em local especialmente criado para receber os mais jovens: o Espaço Luar do Sertão, espaço cenográfico imersivo onde o público poderá vivenciar a atmosfera do sertão brasileiro. Dentre as atrações artísticas, destaque para o show de Roberto Corrêa, um dos maiores nomes da viola no Brasil, e a participação do Bumba-meu-boi de Seu Teodoro, um tesouro cultural do DF. A programação é gratuita, com exceção do show de Roberto Corrêa e das apresentações do espetáculo de teatro de sombras “Iara, o encanto das águas”, da Cia Lumiato.
Único no Brasil a investigar a subjetividade dos caminhos da consciência e do autodesenvolvimento através da arte cinematográfica, o FESTIVAL CINEMA E TRANSCENDÊNCIA apresenta, pela primeira vez, uma programação composta integralmente de filmes brasileiros e portugueses. Estão na mostra títulos assinados por nomes como Manuel de Oliveira, conhecido como o “Mestre” do cinema de Portugal, e brasileiros como Hermano Penna, Edgar Navarro, Iza Grispum e André Luiz Oliveira.
O festival faz ainda uma homenagem ao grande Geraldo Sarno, diretor e roteirista baiano, falecido em fevereiro desse ano, que ficou conhecido por abordar temas como o movimento migratório brasileiro, as religiões e cultura populares. Outro homenageado é o antropólogo, sociólogo, escritor Darcy Ribeiro, que iluminou o pensamento sobre identidade cultural no Brasil contemporâneo, no ano de seu centenário de nascimento.
“Estimular o autoconhecimento através da manifestação artística em todas as dimensões sempre foi uma característica do FESTIVAL CINEMA E TRANSCENDÊNCIA. E desta vez a diferença é que o Brasil está em perspectiva pela conjunção de fatores históricos convergentes e é também pela necessidade de – a partir de uma imersão nas fontes da cultura artística popular brasileira ou inspirada nela com seus temas míticos/sociais -, vislumbrarmos a possibilidade da criação de um novo Brasil, um Brasil transcendente”, explica o cineasta e músico André Luiz Oliveira, um dos curadores do festival, ao lado da diretora e produtora Carina Bini.
O FESTIVAL
A programação apresenta obras que refletem sobre os imaginários populares e míticos do Brasil e de Portugal. O Festival abre com “O Dragão da maldade contra o Santo guerreiro“, obra gigante de Glauber Rocha. Primeiro filme colorido de Glauber, apontado por críticos como uma continuação de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e premiado com melhor direção no Festival de Cannes em 1969, o filme oferece múltiplas camadas de leitura e apresenta com maestria um estrato da sociedade brasileira injusta e violenta e, ao mesmo tempo, rica e poderosa na sua essência cultural.
O cangaço e a “arte cabocla” são tema de dois filmes do cineasta cearense/baiano/candango Hermano Penna que estão na programação. De um lado o média-metragem “Nhô Caboclo e o elo perdido”, que apresenta a obra de Manuel Fontoura, o Nhô Caboclo, baseada nas manifestações culturais surgidas exclusivamente do encontro entre negros e índios e ainda desconhecidas por grande parte da população. De outro, o longa “José de Julião – Muito além do Cangaço”, documentário que recupera a figura complexa de um homem que foi de cangaceiro a político no sertão de Sergipe.
Tomando como referência o sertão e o cangaço no imaginário poético dos artistas brasileiros, o festival traz o curta-metragem de ficção “Porta de Fogo“, do cineasta baiano Edgard Navarro, que liga a rebeldia cangaceira à perseguição e morte do capitão Lamarca. E um documentário apresenta a história de um artista que é sinônimo do nordeste brasileiro: “Dominguinhos”, dirigido por Mariana Aydar e Eduardo Nazarian, sobre o extraordinário sanfoneiro, cantor e compositor.
A programação ainda reserva o média-metragem “Cavalgada à pedra do Reino: missão e festa de Ariano Suassuna”, de Inez Viana, que faz um recorte inédito desta festa popular e conta com depoimentos raros do escritor, explicando como a história de seu livro estimulou a existência desta festa popular
Estabelecendo uma ponte entre Brasil e Portugal, o festival exibe os filmes “O Quinto Império” e “Non, a vã glória de mandar”, do grande cineasta português Manoel de Oliveira. Os dois filmes mostram o panorama político/religioso onde estava inserido o Rei D. Sebastião de Portugal (1554/1578), as causas e consequências do seu desaparecimento no norte da África na batalha de Alcácer-Quibir. Ambos nunca foram exibidos no Brasil no contexto de um festival de cinema.
Compondo a “linha do tempo” entre o messianismo ibérico português e as sensibilidades místicas, sincréticas e artísticas brasileiras, o festival apresenta o documentário “Mito e Música – A Mensagem de Fernando Pessoa”, da cineasta luso-brasileira Rama de Oliveira em parceria com o cineasta/músico André Luiz Oliveira. Do diretor baiano também será exibido o curta de documentário “É Dois de Julho“, filmado em 1979 e cuja cópia foi resgatada recentemente e terá exibição inédita no Festival. O filme trata da grande festa cívica baiana do “Caboclo e da Cabocla”, que comemora a guerra de independência do Brasil na Bahia com a expulsão definitiva dos portugueses.
E, para fechar o ciclo de filmes temáticos focados no imaginário profético português e seus desdobramentos no Brasil, o festival exibe o filme “Agostinho da Silva – Um pensamento vivo”, de João Rodrigo Mattos, que traz um retrato do filósofo, poeta, professor que modernizou o sebastianismo, adaptando-o ao mundo pós-colonial.
A programação ainda proporciona o encontro do cinema com a TV, apresentando quatro capítulos inéditos da série “O País da poesia popular”, escrita por Bráulio Tavares e dirigida pelo cineasta José Araripe Jr.
HOMENAGENS – O 9º FESTIVAL INTERNACIONAL CINEMA E TRANSCENDÊNCIA homenageia o veterano cineasta Geraldo Sarno, falecido em fevereiro deste ano 2022, e o grande antropólogo e escritor Darcy Ribeiro, no ano do centenário de seu nascimento.
Pela enorme relevância para o cinema brasileiro e por sua extensa filmografia ao abordar o sertão, Geraldo Sarno será relembrado em três curtas clássicos, filmados na década de 1970 – “Jornal do Sertão”, “Padre Cícero” e “Vitalino Lampião” – e em seu último longa-metragem “Sertânia”.
A homenagem aos 100 anos de Darcy Ribeiro contará com a exibição de “Mistura e Invenção”, longa-metragem de Isa Grinspum Ferraz, compilação da série “O Povo brasileiro”, baseada no livro do próprio Darcy. O filme resume a formação do Brasil a partir das três raças matrizes: a indígena, a lusa e a africana. O documentário se insere na proposta do Festival de abrir um diálogo sobre a necessidade de o audiovisual brasileiro abolir definitivamente as fronteiras entre o cinema e a TV.
CICLO DE PALESTRAS – Na segunda semana, CINEMA E TRANSCENDÊNCIA encaminha o espectador às palestras que abordarão temas essenciais para o conhecimento de quem somos como brasileiros, de onde viemos e para onde poderemos ir.
As palestras vão construir condições para uma melhor compreensão dos filmes exibidos; da origem do mito sebastianista português que, ao ser assimilado pelo inconsciente coletivo brasileiro, permanece vivo ainda hoje e se manifesta direta ou indiretamente em quase todos os movimentos culturais populares nordestinos, sejam eles políticos, festivos mas sobretudo artísticos, em várias áreas. São exemplos desse diálogo o romance épico de Ariano Suassuna “A Pedra do Reino“, o filme “Deus e o Diabo na terra do Sol”, a obra musical “Mensagem“, do cineasta e músico André Luiz Oliveira, o teatro de Antônio Nóbrega, dentre outras obras de muitos artistas brasileiros.
Sob o título “Recordar o passado, imaginar o futuro: Sonhos, esperanças e ideias de Brasil“, as palestras têm curadoria e coordenação do professor Amon Pinho, doutor em História, com pós-doutorado em Filosofia, pelas Universidade de São Paulo e Lisboa. Caberá à professora Jacqueline Hermann (UFRJ) discorrer sobre “Dom Sebastião no Brasil: aspectos dos sebastianismos brasileiros” e ao mestre em filosofia Noeli Dutra Rossatto (UFSM) tratar do tema “Utopia, profecia e heresia: Joaquim de Fiore na cultura luso-brasileira”. Amon Pinho falará sobre “A cultura brasileira: não-europeísmos, universalismo”.
ATIVIDADES CULTURAIS – Ao longo das duas semanas, o festival oferece uma extensa programação cultural, com apresentações musicais, espetáculos teatrais, oficinas, atividades interativas e muito mais, com destaque para o show do grande músico Roberto Corrêa, batizado pelo crítico Tárik de Souza de “o Guimarães Rosa encordoado”, para o espetáculo de teatro de sombras contemporâneo “Iara, o encanto das águas”, da Cia Lumiato Teatro de Formas Inanimadas, e para o Bumba-meu-boi de Seu Teodoro, Patrimônio Cultural do DF.
PROGRAMAÇÃO DIÁRIA
QUARTA, 07/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Projeto Cordelzinho (Brincadeira Poética)
- 19h – ABERTURA OFICIAL – Teatro do CCBB
- Show de Maísa Arantes – Duo Outros Sertões
- Duração: 40 min
- Exibição de O Dragão Da Maldade Contra O Santo Guerreiro, de Glauber Rocha
QUINTA, 08/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Apresentação ‘’Rimado e Encantado, cordel pra todo lado’’
- 19h – Sertânia, de Geraldo Sarno
SEXTA, 09/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Roda de Brincar (Espetáculo interativo)
- 17h – Dominguinhos, de Mariana Aydar, Eduardo Nazarian e Joaquim Castro
- 19h – Teatro CCBB Brasília
- Show Roberto Corrêa e as violas caipiras
- Ingressos: R$ 30,00, a inteira, e R$ 15,00, a meia
SÁBADO, 10/12
- 14h30 – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Apresentação ‘’Rimado e Encantado, cordel pra todo lado’’’’
- 15h30 – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Encontro de Cordel
- 17h – Teatro CCBB Brasília
- Espetáculo teatral: Iara, O Encanto das Águas, da Cia Lumiato
- Duração: 60 min
- Classificação indicativa: LIVRE
- Ingressos: R$ 30,00, a inteira, e R$ 15,00, a meia
- 18h30 – Dois episódios da série “NO PAÍS DA POESIA POPULAR”: Incrível, Fantástico, Extraordinário e História do Romanceiro Nordestino, de José Araripe
- 20h – Jornal do Sertão, de Geraldo Sarno
- Dois episódios da série “NO PAÍS DA POESIA POPULAR”: O Folheto e o Repente e Jornal do Sertão, de José Araripe
DOMINGO, 11/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Apresentação ‘’Rimado e Encantado, cordel pra todo lado’’
- 15h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Bumba-meu-boi de seu Teodoro (Espetáculo Interativo)
- 16h – Teatro CCBB Brasília
- Espetáculo teatral: Iara, o Encanto das Águas, da Cia Lumiato
- Duração: 60 min
- Classificação indicativa: LIVRE
- Ingressos: R$ 30,00, a inteira, e R$ 15,00, a meia
- 17h30 – Sessão O CABOCLO E O BRASIL PROFUNDO: Cavalgada à Pedra do Reino – Missão e Festa de Ariano Suassuna, de Inez Viana + É Dois de Julho, de André Luiz Oliveira + Nhô Caboclo e o Elo Perdido, de Hermano Penna
- 19h30 – Sessão O CANGACEIRO, FICÇÃO E REALIDADE: Porta de Fogo e José de Julião – Muito Além do Cangaço, ambos de Edgard Navarro.
QUARTA, 14/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Apresentação ‘’Rimado e Encantado, cordel pra todo lado’’
- 16h30 – O Quinto Império, de Manoel de Oliveira
- 19h – PALESTRA: “Dom Sebastião no Brasil: aspectos dos sebastianismos brasileiros”
QUINTA, 15/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Projeto Cordelzinho (Brincadeira Poética)
- 17h – Non – Ou a vã glória de mandar, de Manoel de Oliveira
- 19h – PALESTRA: “Utopia, profecia e heresia: Joaquim de Fiore na cultura luso-brasileira”
SEXTA, 16/12
- 14h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Projeto Cordelzinho (Brincadeira Poética)
- 17h – Agostinho da Silva, um pensamento vivo, de João Rodrigo Mattos
- 19h – PALESTRA: “A cultura brasileira: não-europeísta e universalismo”
SÁBADO, 17/12
- 15h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- CORTEJO DE RABECAS (Espetáculo Interativo)
- 19h – Mito e Música, a mensagem de Fernando Pessoa, de Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira + Vitalino Lampião, de Geraldo Sarno
DOMINGO, 18/12
- 16h – Área Externa “Espaço Luar do Sertão”
- Projeto Cordelzinho (Brincadeira poética)
- 18h – Mistura e Invenção, de Iza Grispum + Padre Cícero, de Geraldo Sarno
SINOPSES DOS FILMES
O DRAGÃO DA MALDADE CONTRA O SANTO GUERREIRO
Direção Glauber Rocha / 1969 / 95 min / Ficção/14 anos
SINOPSE: Antônio das Mortes é um antigo matador de cangaceiros que é contratado por um coronel para matar um beato agitador. Ele confronta sua vítima, mas decide poupar sua vida. Mais tarde, ele resolve apoiar a causa do povo contra os desmandos do coronel.
SERTÂNIA
Direção Geraldo Sarno / 2020/ 97 min / Ficção/12 anos
SINOPSE: Antão é ferido, preso e morto quando o bando de Jesuíno invade a cidade de Sertânia. A mente febril e delirante de Antão rememora todos os acontecimentos.
JORNAL DO SERTÃO
Direção Geraldo Sarno / (1967/ 196/1970) / 13 min / Doc / Livre
SINOPSE: Criada nos improvisos dos cantadores ou escrita para ser cantada nas feiras e fazendas, a literatura popular em versos é o jornal mais lido do sertão. Este curta-metragem documenta essa literatura cantada nas feiras de Caruaru, Campina Grande, Juazeiro do Norte e Crato. Desse modo, o filme revela a força cultural da literatura popular em versos como expressão do pensamento e da cultura do sertão.
PADRE CÍCERO
Direção Geraldo Sarno / 1972/ 10 min / Doc / Livre
SINOPSE: Este curta-metragem sobre padre Cícero Romão Baptista (1844-1934), histórico líder religioso e político do Vale do Cariri, Ceará, contrapõe imagens da região no final da década de 1960 com imagens filmadas por Alexandre Wulfes em 1925, que mostram padre Cícero sendo aclamado em Juazeiro do Norte.
VITALINO LAMPIÃO
Direção Geraldo Sarno / 1967- 1969/ 9 min / Doc /12 anos
SINOPSE: Este curta-metragem documenta o trabalho de criação manual de uma estatueta em barro do cangaceiro Lampião, feita em Caruaru, Pernambuco, pelo artesão Manuel Vitalino dos Santos, filho de Mestre Vitalino, célebre artesão do Nordeste brasileiro. Em contraste com a crise das formas tradicionais de produção do artesanato popular, o mito de Lampião sobrevive no trabalho criativo e artesanal de Vitalino, assim como nos versos improvisados do cantador Severino Pinto.
DOMINGUINHOS
Direção Mariana Aydar, Eduardo Nazarian, Joaquim Castro / 2014 / 84 min / Doc / Livre
SINOPSE: Documentário sobre a vida e a obra de Dominguinhos (1941-2013), um dos maiores mestres da música brasileira, intercalando imagens de arquivo e passagens de shows, com encontros musicais exclusivos. O filme tem a participação de artistas renomados, parceiros da vida de Dominguinhos, como Gilberto Gil, Gal Costa, Hermeto Pascoal, Nara Leão, Djavan, Luiz Gonzaga, Yamandu Costa e Hamilton de Holanda, entre outros. Um retrato do sanfoneiro, cantor e compositor e uma homenagem definitiva a um dos maiores artistas da música brasileira, autor de sucessos como “Eu Só Quero um Xodó“, “Gostoso Demais“, “De Volta Pro Aconchego” e “Lamento Sertanejo“.
NHÔ CABOCLO E O ELO PERDIDO
Direção Hermano Penna / 2002 / 55 min / Doc /Livre
SINOPSE: Por meio da obra do artista plástico Nhô Caboclo, o documentário investiga o encontro entre negros e índios. Para isso ele embarca em uma viagem pelas diferentes manifestações culturais nascidas nas matas, nos bairros das aldeias e quilombos, longe dos olhos dos brancos, intercalando os depoimentos de historiadores, pajés, pais de santo, pessoas que conviveram com o artista Manuel Fontoura, antropólogos como Joel Rufino dos Santos, Lélia Coelho Frota, Olympio Serra, Renato Athias, Ordep Serra e Muniz Sodré.
JOSÉ DE JULIÃO – MUITO ALÉM DO CANGAÇO
Direção Hermano Penna / 2016 / 72 min / Doc/12 anos
SINOPSE: Zé de Julião era um homem complexo. Sendo um jovem muito rico, ele decidiu se tornar cangaceiro aos 30 anos, e logo após se tornou um grande empreiteiro e líder político respeitado em Sergipe. Por conta de suas posições e opiniões incisivas, entrou em confronto com diversos coronéis da região, o que colocou um ponto final em sua trajetória
PORTA DE FOGO
Direção Edgard Navarro / 1982 / 21 min / Ficção/ 12 anos
SINOPSE: À luz da literatura de cordel, o filme inventa encontro entre Lamarca e Lampião, numa celebração entre dois homens em delírio no transe final. O sol de parte, a terra trema, o visível se nega e a última batalha não se trava, metáfora de transcendência: uma fenda se abre no céu, entre dois mundos.
O QUINTO IMPÉRIO
Direção Manoel de Oliveira / 2004 / Portugal / 127 min / Ficção/12 anos
SINOPSE: Recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, foca num momento decisivo da História de Portugal. O rei, o Desejado, o Encoberto, acreditava ter uma missão divina a cumprir e desejava honrar os seus antepassados. Com a batalha de Alcácer Quibir (1578), D. Sebastião ambicionava a conquista de um mundo novo, a formação de um Quinto Império, um reino em que todos os povos estariam convertidos ao Cristianismo. No entanto, na batalha, D. Sebastião desaparece, nunca sendo o seu corpo identificado. A partir daí, o mito, a esperança do dia em que o rei voltará num cavalo branco, numa manhã de nevoeiro, para derrubar o mal. mal.
NON – OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR
Direção Manoel de Oliveira / 1990/ Portugal 110 min / Ficção/12 anos
SINOPSE: Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, o pano de fundo deste filme é a guerra colonial portuguesa, durante a qual um oficial relata aos seus companheiros de armas, enquanto fazem a patrulha pela savana africana, a epopeia de Portugal, uma epopeia construída em torno de grandes derrotas.
MISTURA E INVENÇÃO
Direção Iza Grispum / 2002 / 74 min / Doc / Livre
SINOPSE: Mistura e Invenção propõe uma imersão na caleidoscópica cultura brasileira, ao mesmo tempo una e diversa; exuberante e sofrida; uma experiência singular no panorama mundial. Com imagens captadas pelo Brasil, rico material de arquivo e depoimentos de intérpretes privilegiados da literatura e da música do país, Mistura e Invenção tece a trama de uma mensagem brasileira para o futuro.
MITO E MÚSICA – A MENSAGEM DE FERNANDO PESSOA
Direção: Rama de Oliveira e André Luiz Oliveira / 2018/ 92 min / Doc / Livre
SINOPSE: O grande poeta português Fernando Pessoa passou 22 anos da sua vida (de 1912 a 1934) escrevendo, entre outros textos, os 44 poemas da Mensagem, único livro concluído que publicou em vida. André Luiz Oliveira levou 30 anos (de 1985 a 2015) para concluir a gravação das 44 músicas de cada poema do livro. O documentário aborda aspectos polêmicos do mito que envolve o livro Mensagem e narra o histórico de realização musical desse imenso projeto.
AGOSTINHO DA SILVA – UM PENSAMENTO VIVO
Direção: João Rodrigo Mattos / 2006 / 95 min / Doc / Livre
SINOPSE: Marcado pelo gosto do paradoxo, pela independência e inconformismo das ideias e por invulgares dons de comunicação oral e escrita, a figura ímpar de Agostinho da Silva desenha-se num singular misto de sábio, visionário e homem comum, no qual o pensamento e a vida se confundem. Este filme, percorre o trajeto biográfico, a vida e a obra deste grande pensador e humanista luso-brasileiro.
CAVALGADA À PEDRA DO REINO: MISSÃO E FESTA DE ARIANO SUASSUNA
Direção: Inez Viana / 2022 / 23 min / Doc / Livre
SINOPSE: o curta que faz um recorte inédito da festa popular “Cavalgada à Pedra do Reino”, e conta com depoimentos raros de Ariano Suassuna que explica como a história de seu livro estimulou a existência desta festa popular.
É 2 DE JULHO
Direção: André Luiz Oliveira / 1979 / 12 min / Doc / Livre
SINOPSE: Curta que mostra a grande festa cívica baiana e sintética do “Caboclo e da Cabocla” que comemora a guerra de independência do Brasil na Bahia com a expulsão definitiva dos portugueses. Filmado em 1979, sua cópia “perdida” foi resgatada recentemente e terá exibição inédita nesta edição do Festival.
SÉRIE NO PAÍS DA POESIA POPULAR
Direção: José Araripe / 2022 / 30 min cada EP / Doc / Livre
Nesta série documental, o escritor Bráulio Tavares apresenta o universo da xilogravura, cantoria e do cordel, fazendo uma jornada inédita pelo País da Poesia Popular.
EP: FOLHETO E O REPENTE
Sinopse: A cantoria dos violeiros repentistas é “o lado b” da Literatura de Cordel, à qual forneceu os modelos de versos e de estrofes. Os cantadores são celebrados nos folhetos através das famosas ‘Pelejas” reais ou imaginárias. A musicalidade dos violeiros se reflete na riqueza de formas das cantigas. Cordel e Cantoria nasceram juntos, crescerem lado a lado, com seus desafios heroicos e seus embates memoráveis.
EP: INCRÍVEL, FANTÁSTICO, EXTRAORDINÁRIO
Sinopse: Histórias de terror e assombração fazem parte de nossa memória cultural, desde os contos ao redor da fogueira até os programas radiofônicos de Almirante, no Rio de Janeiro. O Cordel também tem um imenso repertório de fantasmas, aparições, monstros, seres bizarros. Histórias de pactos com entes sobrenaturais, tesouros enterrados e todo universo sombrio da luta contra a superstição e o terror.
EP: HISTÓRIA DO ROMANCEIRO NORDESTINO
Sinopse: Traça a História do Romanceiro Popular Nordestino desde meados do Sec. 19, com o surgimento dos poetas da “Escola de Teixeira”, os primeiros folhetos impressos por Leandro Gomes de Barroso nos anos 1890, e a explosão comercial do Cordel a partir dos anos de 1930. O surgimento da Xilogravura como ilustração típica. O cordel nordestino feito no computador, espalhados pela WEB, com pelejas via Internet.
EP: JORNAL DO SERTÃO
Sinopse: Noticiar os fatos marcantes foi, sempre, uma das principais utilidades do Cordel. Ele herdou um certo sensacionalismo e tom melodramático da imprensa popularesca da Europa dos séculos 18 e 19, com os registros de crimes bárbaros, catástrofes naturais, acontecimentos bizarros e espantosos. Além, é claro, dos principais eventos sociais e políticos do país, que os poetas explicam e interpretam para a sua plateia.
PALESTRAS
Recordar o passado, imaginar o futuro: Sonhos, esperanças e ideias de Brasil
Jacqueline Hermann – DOM SEBASTIÃO NO BRASIL: ASPECTOS DOS SEBASTIANISMOS BRASILEIROS
Jacqueline Hermann é Professora Titular de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora dos messianismos luso-brasileiros oriundos do sebastianismo português. Fenômeno surgido no século XVI, caracterizou-se pela crença na volta do rei D. Sebastião desaparecido em batalha contra os muçulmanos no Norte da África. Disseminado pelos quatro cantos do império português, temos registro do sebastianismo no Brasil desde o século XVI. A professora é autora de livros e artigos sobre o tema. A construção do sebastianismo em Portugal, séculos XVI-XVII (de 1998); 1580-1600. O sonho da salvação (de 2000); Poderes do sagrado, organizado com William de Souza Martins (de 2016); Sebastianism: A Portuguese Prophecy in Early Modern Prophecies in Transnational, Nationaland Regional Contexts, editado por Lionel Laborie Ariel Hessayon, em 2021.
Noeli Dutra Rossatto – UTOPIA, PROFECIA E HERESIA: JOAQUIM DE FIORE NA CULTURA LUSO-BRASILEIRA
Noeli Dutra Rossatto é Mestre em Filosofia, pela Universidade Federal de Santa Maria, e Doutor em História da Filosofia Medieval pela Universidade de Barcelona. É professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria, onde igualmente atua na Linha de Pesquisa “Fenomenologia e Hermenêutica” do Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Membro de associações nacionais e internacionais de Filosofia medieval, publicou em 2004 Joaquim de Fiore: Trindade e Nova Era e. em 2011, La hermenéutica medieval. Além de obras organizadas – tais como Mística e milenarismo na Idade Média, de 2013, e O simbolismo das Festas do Divino, de 2003, é autor de numerosos artigos em periódicos nacionais e internacionais, capítulos de livros e traduções do latim e do francês para o português.
Amon Pinho – A CULTURA BRASILEIRA: NÃO-EUROPEÍSMOS, UNIVERSALISMO
Amon Pinho realizou estudos pós-doutorais em Filosofia pela Universidade de Lisboa e doutorou-se em História pela Universidade de São Paulo. É Professor Associado nos Institutos de Filosofia (pós-graduação) e de História (graduação e pós-graduação) da Universidade Federal de Uberlândia, Pesquisador Associado no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e diretor da Cátedra Agostinho da Silva UFU de Estudos Humanísticos, elemento da rede internacional de docência e pesquisa do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, de Portugal. Atuando nas áreas de História e Filosofia, tem publicado livros e artigos no Brasil e no exterior e é o responsável pela coordenação científica e editorial da Biblioteca Agostinho da Silva, na editora É Realizações, e da Coleção Walter Benjamin, na editora Hedra.
ATIVIDADES ARTÍSTICAS
Por ordem cronológica de apresentação
PROJETO CORDELZINHO
Oficina de cordel para crianças e suas famílias. Sob influência portuguesa, o cordel tornou-se a expressão poética popular do nordeste brasileiro. Nestas oficinas pais e filhos têm a oportunidade de tornarem-se cordelistas e criarem suas próprias poesias.
SHOW DUO OUTROS SERTÕES
Rabequeira e forrozeira de Brasília, Maísa Arantes é cantora, instrumentista, compositora, professora e arranjadora e uma das finalistas do Prêmio Brasília Independente 2022. Atua fortemente pela preservação e manutenção da rabeca sertaneja no Distrito Federal. Para o show, ela convida o parceiro musical e violonista Marcelo Nader.
RIMADO E ENCANTADO, CORDEL PRA TODO LADO
Espetáculo Teatral com contação de histórias musicalizadas em forma de poesia. Por meio da literatura de cordel o espetáculo narra duas histórias: Os dois Cabritos e A sina da Sapa Cristina. As histórias são narradas e interpretadas pela Letícia Mourão, acompanhadas das melodias tocadas pelo músico Kleyton Santos. São 50 minutos de festa da literatura, fantasia e diversão.
RODAS DE BRINCAR
Espetáculo interativo que busca promover momentos entre famílias e crianças para vivenciarem experiências estéticas com o brincar junto, ampliando o repertório de brincadeiras cantadas, num diálogo intergeracional.