COP16 da Biodiversidade: Cinco Países Confirmam Apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Na COP16 da Biodiversidade, realizada em Cali, na Colômbia, cinco países reafirmaram seu compromisso com a conservação das florestas tropicais ao apoiar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). A iniciativa, lançada pelo Brasil, visa recompensar financeiramente países em desenvolvimento pela preservação de suas florestas. Alemanha, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Noruega confirmaram, durante um painel com a ministra Marina Silva, apoio ao fundo, que promete recursos adicionais para proteção da biodiversidade, territórios tradicionais e serviços ambientais.
O TFFF foi inicialmente proposto durante a COP28 do Clima em Dubai e prevê remuneração anual por hectare de floresta conservada ou restaurada, ao passo que penaliza áreas desmatadas ou degradadas. “O TFFF oferece incentivos financeiros inovadores em grande escala para que os países em desenvolvimento conservem suas florestas tropicais úmidas”, disse Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil.
A ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Mohammad, anfitriã do painel, destacou que o fundo é “um caminho para colocar valor na natureza sem fazer dela uma commodity”, ressaltando que o mecanismo permitirá previsibilidade financeira para fortalecer a governança sobre ecossistemas. “Que agricultura vai existir se o ciclo da água não funciona?”, questionou a ministra, enfatizando a interdependência entre ecossistemas e setores econômicos.
Iniciativa Global e Compromisso com a Conservação
Além dos líderes dos cinco países apoiadores, o evento contou com a presença de Razan Al Mubarak, presidente da União Internacional para a Conservação da Natureza, e de representantes dos Emirados Árabes Unidos, que presidiram a COP28. Al Mubarak afirmou que desde a concepção da proposta brasileira, o fundo TFFF era visto como uma iniciativa abrangente e transformadora. “Estava presente quando Lula e a Marina anunciaram a ideia do TFFF. Sentimos que este fundo não era uma proposta marginal, mas essencial para a preservação”, comentou.
Os países comprometidos continuarão colaborando para estruturar a arquitetura do TFFF, que será oficialmente lançado na COP30, prevista para novembro de 2025 em Belém, no Brasil. A proposta visa captar investimentos de fundos soberanos, pensões e investidores conservadores, buscando um modelo de investimentos sustentáveis e previsíveis, fortalecidos por garantias e rendimento reduzido.
Monitoramento com Tecnologias Avançadas e Participação de Comunidades
Para assegurar transparência e eficácia, o TFFF utilizará tecnologias de monitoramento avançadas, incluindo imagens de satélite, para verificar as áreas preservadas, respeitando os sistemas nacionais de cada país. Além disso, os países poderão definir programas específicos de apoio à natureza, abrangendo áreas como a conservação de territórios protegidos, prevenção ao desmatamento, bioeconomia e financiamento direto para povos indígenas e comunidades locais.
Marina Silva explicou que o TFFF funcionará de maneira complementar às convenções internacionais, como as metas de Kunming-Montreal e o Acordo de Paris, sem competir com outros mecanismos de financiamento, como REDD+ ou créditos de carbono e biodiversidade.
Com este apoio unânime e a previsão de um fundo de investimentos, o TFFF reforça o compromisso global com a preservação das florestas tropicais e coloca a proteção ambiental em primeiro plano, contribuindo tanto para a luta contra as mudanças climáticas quanto para a preservação da biodiversidade global.