O Papel das elites no desenvolvimento do Brasil: Oportunidade ou obstáculo?
Por Sérgio Melo
Sabe aquela sensação de que o Brasil poderia ter chegado mais longe? Pois é, não estamos sozinhos nessa percepção. Ao ler uma matéria no portal UOL, assinada por José Paulo Kupfer, topei com uma discussão que já é amplamente conhecida, mas nunca deixa de nos fazer refletir: o papel das elites dominantes no desenvolvimento econômico e social do Brasil.
De acordo com o economista Ricardo Paes de Barros, mencionado no artigo, as elites brasileiras têm agido ao longo do tempo para manter o status quo, isto é, impedir transformações sociais que poderiam trazer um verdadeiro crescimento para o país. Essa visão é um soco no estômago, mas vem carregada de dados e de uma análise que bate com a de vários outros economistas e intelectuais brasileiros. Se estivermos falando de crescimento econômico, a pergunta que surge é: quem é que ganha – e, mais importante, quem fica de fora?
Para entender o cenário, basta pensarmos nos ciclos de desenvolvimento que outros países atravessaram ao investir em educação e infraestrutura, criando uma sociedade com igualdade de oportunidades. Aqui, a história é bem diferente. Ao invés de incentivar a inclusão social como um meio para o desenvolvimento sustentável, a nossa elite parece preferir manter as estruturas desiguais. É como se tivéssemos um carro potente, mas só rodando em primeira marcha.
A análise de Paes de Barros também mostra que um modelo de crescimento que realmente beneficie a maioria da população não precisa de mágica – só de investimentos conscientes e de uma mudança real de prioridades. Isso porque um sistema mais inclusivo poderia, inclusive, fortalecer a economia como um todo, elevando o país a patamares já atingidos por economias similares. O problema é que a mentalidade de preservação dos próprios interesses parece ser mais forte do que o desejo de construir um Brasil melhor para todos.
Claro que essa reflexão não é nova. Basta lembrar os clássicos de Celso Furtado e Darcy Ribeiro, que já chamavam atenção para como a elite concentradora dificultava a evolução do país. O interessante é que, agora, vemos economistas contemporâneos retomando essas questões e propondo análises baseadas em dados e em novos contextos, mas com uma mensagem essencialmente igual: enquanto os poucos mantiverem as amarras do desenvolvimento, o Brasil continuará estacionado onde está.
Esse debate não é fácil nem rápido, mas é essencial. Afinal, como qualquer transformação social relevante, depende de nós, cidadãos e cidadãs, entendermos o que está em jogo e pressionarmos por mudanças. É hora de repensarmos se queremos continuar com as rédeas do país nas mesmas mãos ou se há espaço para construirmos um Brasil mais justo, que realmente permita o potencial de crescimento de cada um.