Carlos Aranha e o capítulo final do jornalista e escritor paraibano
Por Sérgio Melo
Carlos Aranha, jornalista, escritor e homem de múltiplas artes, encerrou sua jornada terrena nesta segunda-feira (11), em João Pessoa, aos 78 anos. Uma despedida que, como boa crônica da vida real, emociona por sua simplicidade e pelo legado deixado nas páginas da cultura paraibana. A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) anunciou a partida do artista, cuja última homenagem acontece na Academia Paraibana de Letras (APL), onde ele tomou posse como membro imortal em 2009.
Nascido em 18 de março de 1946, Carlos Antônio Aranha de Macêdo fez da palavra sua mais constante companheira. Como jornalista, comandou com rigor e sensibilidade o caderno de cultura dos principais jornais da Paraíba, entre eles O Momento, O Norte, Correio da Paraíba e A União, onde editou o inesquecível Caderno das Artes. À frente da Associação Paraibana de Imprensa (API), defendeu o papel do jornalismo como ponte entre a informação e a transformação cultural.
Mas a palavra não era sua única arte. Aranha era também poeta, autor de ficção científica, cronista e memorialista. Embora sejam ditos que ele tenha escrito cerca de dez livros, apenas um chegou ao público. Um traço curioso de um homem que preferiu espalhar sua essência nos palcos da vida e nas entrelinhas da memória coletiva.
Como escritor e jornalista, ele era um observador atento do mundo, transformando o cotidiano em narrativas. Como músico, cantor, compositor, ator e cineasta, transbordava inquietude criativa. Fundou produtoras musicais, lançou discos e viveu intensamente o cenário cultural paraibano, seja no teatro, na música ou nas páginas de um jornal.
Hoje, ao encerrar sua história neste plano, Carlos Aranha deixa um legado que ultrapassa gerações. Seu nome ecoará não apenas como um artista completo, mas como alguém que sabia usar as palavras – faladas, cantadas ou escritas – para dar vida ao que parecia comum.
O palco se apaga, mas as histórias e a inspiração que ele semeou seguem iluminando aqueles que continuam a escrever, cantar e sonhar, como ele sempre fez.