O Brasil no Clube dos Gigantes Espaciais: O que o CBERS-5 significa para a Paraíba e para o país

 O Brasil no Clube dos Gigantes Espaciais: O que o CBERS-5 significa para a Paraíba e para o país

Imagem ilustrativa. Crédito: Estúdio Q-Ideia/Sérgio Melo

Por Sérgio Melo

 

Meus caros amigos do conhecimento, hoje trago até vocês uma daquelas notícias que, à primeira vista, parece complexa, mas que carrega em seu cerne a promessa de um futuro mais brilhante e protegido para nossa terra. “Satélite geoestacionário sino-brasileiro” pode soar como expressão de outro mundo, mas é, na verdade, a mais pura expressão de cuidado com o nosso chão. Trata-se do CBERS-5, e lhes afirmo com convicção: ele mudará a forma como enxergamos e protegemos a Paraíba.

Este avanço, fruto de uma parceria histórica com a China, vai muito além da política internacional. Representa um salto de soberania para o Brasil, que passa a integrar um clube seletíssimo de nações com domínio sobre esta tecnologia de ponta. E eu explico o porquê de forma simples: um satélite comum é como um fotógrafo que tira uma foto por dia do mesmo lugar. Já um satélite geoestacionário é como um cinegrafista que grava um filme ininterrupto. Posicionado a uma altitude precisa, ele acompanha a rotação da Terra, ficando permanentemente parado sobre o nosso país. Seus olhos eletrônicos não piscam, vigilantes, sobre nosso território. Mas, afinal, o que torna esse satélite tão especial? A palavra-chave é geoestacionário.

Diferente de um satélite comum que passa sobre o Brasil em horários específicos, tirando fotos de momentos isolados, um satélite geoestacionário é como um vigia incansável. Posicionado a quase 36 mil quilômetros de altitude, exatamente sobre a linha do Equador, ele se move na mesma velocidade da Terra. Para nós, aqui do chão, ele parece parado no céu. Isso significa que suas câmeras e sensores estarão olhando para o Brasil 24 horas por dia, 7 dias por semana.

A revolução que isso traz para o monitoramento do nosso meio ambiente é algo que devemos celebrar. Será possível acompanhar a fúria de um incêndio ou a delicadeza de uma frente de chuvas em tempo real, transformando a ciência e a gestão ambiental em uma atividade ágil e precisa. A pesquisa ganhará um volume de dados inimaginável, alavancando projetos e garantindo a proteção do nosso maior patrimônio: a biodiversidade única do Brasil.

 

E o que isso muda para a nossa Paraíba?

Aqui, onde temos a feliz convergência de biomas frágeis e vitalmente importantes, os olhos do CBERS-5 farão toda a diferença. Os olhos deste vigia verão coisas lindas e coisas que precisam ser curadas em nosso Estado.

Verão os tesouros verdes da nossa Mata Atlântica, esses fragmentos preciosos de vida que teimam em resistir. Qualquer movimento irregular, qualquer ameaça de desmatamento ilegal será flagrada na hora, permitindo uma ação imediata das autoridades. Nossas áreas protegidas, como a Mata do Buraquinho, ganharão um guardião das alturas.

Verão a riqueza dos nossos manguezais, esse emaranhado de raízes que é berço do nosso caranguejo e sustento de tantas famílias. O satélite poderá identificar aterros irregulares, ocupações indevidas e monitorar a saúde desse ecossistema vital para nosso litoral, desde João Pessoa até o sul do estado.

E, meus amigos do conhecimento, ele há de vigiar com especial carinho a nossa Caatinga, esse bioma tão sábio e resiliênte, exclusivamente nosso. Será uma ferramenta poderosa para conviver com a seca, monitorando a umidade do solo, a cobertura vegetal e nos alertando com antecedência sobre processos de desertificação. É a tecnologia a serviço da vida no Sertão.

 

Vídeo ilustrativo. Crédito: Estúdio Q-Ideia / Sérgio Melo

 

De acordo com dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e registros públicos da Agência Espacial Brasileira (AEB), a parceria sino-brasileira no programa CBERS já resultou na colocação de cinco satélites em órbita, com o CBERS-4A sendo o mais recente antes do anunciado CBERS-5. A tecnologia geoestacionária, conforme documentação técnica da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), permite cobertura contínua do território, sendo amplamente utilizada para monitoramento meteorológico e ambiental em tempo real, comprovando o potencial transformador dessa ferramenta para a vigilância dos biomas brasileiro.

Esta parceria é sobre mais do que um equipamento. É sobre saber. O Brasil não está apenas comprando um serviço; está adquirindo o conhecimento para ser, ele mesmo, um produtor desta tecnologia. Estamos, juntos, dando um passo decisivo para garantir um desenvolvimento autônomo e responsável, recebemos a transferência de tecnologia que nos coloca, de fato, no mapa espacial mundial. Estamos comprando o peixe, mas, mais importante, estamos aprendendo a pescar.

O CBERS-5 é, portanto, a materialização de um futuro onde o Brasil é dono do seu próprio destino ambiental. E a nossa Paraíba, em toda a sua diversidade ímpar, será uma das grandes protagonistas dessa nova história. Estamos de olho no amanhã, e agora, nosso olho é geoestacionário. Ele não pisca.

 

 

Sérgio MeloJornalista e Gestor Ambiental. Coordenador de projetos de Educação Ambiental no portal Paraíba Cultural e no Q-Ideia – Design e Comunicação. Atua em ações integradas de sustentabilidade, cultura e desenvolvimento territorial no Estado da Paraíba.

 

 

 

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