Desmatamento na Paraíba aumenta 157% em um ano: relatório alerta para perda da Mata Atlântica

A diversidade da floresta da Mata Atlântica. Foto: ICMBio

Desmatamento na Paraíba aumenta 157% em um ano: relatório alerta para perda da Mata Atlântica

O desmatamento da Mata Atlântica na Paraíba disparou, atingindo um aumento alarmante de 157% no último ano. Relatório recente revela que Baía da Traição e Areia são as áreas mais desmatadas, somando um total de 85 hectares desmatados. Esse número deixa a Paraíba com apenas 9,1% da cobertura original do bioma, que já foi um dos mais vastos e biodiversos do país.

A comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho, traz à tona a urgência da preservação das florestas remanescentes. Historicamente, a Mata Atlântica se estendia por mais de 1,3 milhões de km² ao longo da costa brasileira, mas hoje, restam apenas pequenos fragmentos espalhados, extremamente vulneráveis devido à falta de conexão entre eles.

 

Ameaças e medidas de proteção

Luís Wagner, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), destaca as principais ameaças ao bioma na Paraíba: “As atividades agropecuárias, uso do fogo, canavieira e pecuária são as maiores responsáveis pelo desmatamento.” Ele também sublinha a importância da Lei da Mata Atlântica e a criação de unidades de conservação como medidas essenciais para a proteção dos remanescentes florestais. “Projetos de recuperação de áreas degradadas e a criação de corredores ecológicos são cruciais para conectar fragmentos isolados”, completa Wagner.

Além das pressões da agropecuária, a expansão imobiliária e a agricultura são grandes indutores do desmatamento na Paraíba, conforme dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A fragmentação e o desmatamento tornam inviáveis a sobrevivência de muitas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, principalmente aquelas que necessitam de grandes territórios para viver, como os predadores de topo.

 

Monitoramento e fiscalização

O Ibama intensifica continuamente o monitoramento e a fiscalização dos remanescentes de vegetação. Alexandre Parente Lima, analista ambiental do Instituto, relata que, em 2022, foram realizadas duas operações de fiscalização específicas para proteger a Mata Atlântica. A perda de habitat é identificada como a principal causa da extinção de espécies da fauna silvestre, conforme diversos estudos científicos.

 

Mata Atlântica. Foto: Daniel de Granville /Conexão Planeta
Mata Atlântica. Foto: Daniel de Granville / Conexão Planeta

 

Importância e conservação

A Mata Atlântica, que atualmente abrange cerca de 15% do território nacional em 17 estados, é o lar de 72% dos brasileiros e contribui com 70% do PIB nacional. Este bioma crucial fornece serviços essenciais como abastecimento de água, regulação do clima, agricultura, pesca, energia elétrica e turismo. Infelizmente, a Mata Atlântica já perdeu quase 90% de sua área original e agora necessita urgentemente de recuperação para proteger espécies e serviços ambientais.

Maria Christina Vasconcelos, coordenadora de estudos ambientais da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), ressalta que as atividades antrópicas, quando não reguladas, podem causar danos ambientais irreparáveis. “Além do licenciamento ambiental e do Código Florestal, a criação de unidades de conservação é primordial para a preservação e conservação do bioma, aliada a uma gestão efetiva das Unidades de Conservação (UCs)”, afirma Vasconcelos.

A Mata Atlântica na Paraíba necessita de ações decisivas para sua proteção e recuperação. A implementação eficaz das leis ambientais, a criação de novas áreas protegidas e o engajamento da sociedade são fundamentais para garantir que esse bioma tão valioso não desapareça completamente.

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