Frutas nativas da caatinga são opções de renda para o pequeno agricultor
Das 18 espécies do gênero Spondias, como umbu-cajá, cajarana, ceriguela e umbuguela, várias são pouco estudadas e sua produção é totalmente extrativista, ou seja, são coletadas diretamente da natureza e não cultivadas em pomares comerciais. Por conta disso, parte de um trabalho de pesquisa na Embrapa Mandioca e Fruticultura, na Bahia distribui mudas dessas frutas, além de ajudar a manter bancos de germoplasma dessas cultivares.
Todas as plantas do gênero Spondias têm crescimento lento, mas são tolerantes à seca e têm boa produtividade em locais sem irrigação. Principalmente por essa característica, têm bastante importância para o Semiárido. “Muitas vezes, o umbu produz independentemente da chuva. Mesmo com pequena chuva ou trovoada, ela produz, garantindo uma renda para o pequeno produtor e, até mesmo, sua sobrevivência”, afirma Nelson Fonseca, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura.
A resistência à seca tem explicação. “O umbuzeiro tem raízes túberas ou xilopódios, que armazenam água e nutrientes. Hoje há plantas muito velhas no Semiárido que estão morrendo. Além disso, existem os produtores que derrubam a vegetação, destruindo as plantas do umbuzeiro para a formação de pastos, a ocorrência de incêndios no período seco que matam a vegetação e as pequenas plantas que nascem das sementes que são comidas pelos próprios animais que vivem no semiárido. Tudo isso impede que os umbuzeiros se renovem”, explica Nelson.
Há uma carência para a formação de mudas selecionadas do gênero Spondias, pois existe pouco material propagativo selecionado. As plantas de umbuzeiro, por exemplo, são mais encontradas na zona rural, onde são atacadas pelos animais, que comem ramos, folhas e frutos. Já as de umbu-cajazeira estão em zonas urbanas, desaparecendo pela ação predatória do homem, que as destroem para ganhar mais espaço no quintal.
Apesar de ser possível a propagação das Spondias por sementes, o método ideal é por enxertia. A principal vantagem da muda enxertada está relacionada à garantia de manutenção das características da planta propagada, o que não é possível na muda produzida por meio de semente. Outra vantagem está na formação de pomares comerciais mais uniformes no tamanho de plantas e na produção de frutos, além da antecipação do início de produção.