Ministério dos Transportes autoriza implantação do VLT em Campina Grande

 Ministério dos Transportes autoriza implantação do VLT em Campina Grande

Por Sérgio Melo | Paraíba Cultural

 

Campina Grande deu um importante passo rumo à modernização do transporte público. O Ministério dos Transportes autorizou oficialmente, nesta quarta-feira (3), a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na cidade, a partir da assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), realizado em Brasília. Com essa iniciativa, abrem-se caminhos para os estudos técnicos que permitirão a implantação de um sistema de transporte mais eficiente, sustentável e inclusivo.

O VLT é uma alternativa moderna e inteligente de mobilidade urbana. Com menor impacto ambiental que os ônibus convencionais e maior capacidade de transporte por eixo, ele alia conforto, agilidade e segurança à redução de emissões de poluentes. Em uma cidade como Campina Grande — com mais de 400 mil habitantes e polos universitários, industriais, hospitalares e comerciais fortemente interligados — a chegada do VLT representa mais que uma obra de infraestrutura: é um instrumento de transformação urbana e social.

Segundo dados preliminares, a linha em estudo deverá atender diretamente um quarto da população campinense, impactando positivamente regiões de alta densidade populacional e fluxo intenso de deslocamentos. Isso significa mais qualidade de vida para estudantes, trabalhadores, profissionais da saúde e do comércio, que terão uma nova opção de transporte público com maior regularidade, menor tempo de espera e menor custo energético.

Além dos benefícios à mobilidade, o VLT traz ganhos ambientais expressivos. Por ser movido à eletricidade, reduz a dependência de combustíveis fósseis e contribui para a diminuição da poluição do ar e sonora. Cidades que já adotaram o sistema, como João Pessoa, Maceió e Cariri (no Ceará), demonstram resultados positivos tanto na redução do trânsito urbano quanto na valorização das áreas próximas às linhas férreas requalificadas.

 

 

Outro ponto importante no avanço do VLT em Campina Grande é a integração da Estação Nova ao sistema operacional do modal. A obra de revitalização da Estação Nova, localizada na Zona Oeste da cidade, está em fase final de tramitação e deverá ser iniciada em breve. Trata-se de uma iniciativa da Prefeitura de Campina Grande que visa transformar o antigo espaço ferroviário em um parque urbano integrado ao novo sistema de mobilidade.

De acordo com o prefeito, a Estação Nova será uma das principais bases de operação do VLT. A área, antes pertencente à União, foi cedida ao município pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) durante o primeiro mandato de Bruno Cunha Lima. O projeto arquitetônico, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan), recebeu aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP) no último dia 3 de fevereiro.

Além da revitalização, está prevista a construção de um parque interligando os bairros do 40, Santa Rosa, São José, Centenário e Liberdade. A proposta inclui a integração de modais de transporte, permitindo ao cidadão descer do VLT e acessar o sistema de ônibus urbano de maneira rápida e eficiente. Essa requalificação urbana representa mais que uma nova infraestrutura — é a valorização de um espaço simbólico da cidade e um passo decisivo para a mobilidade integrada e sustentável.

O plano de ação anunciado pelo Ministério dos Transportes prevê quatro etapas fundamentais: preparação técnica, levantamento da área e indenizações, formalização do termo de cessão e, por fim, a entrega da área ao município. Com isso, a previsão é de que, já em novembro, a área esteja plenamente disponível para início das etapas de implantação.

É um momento promissor para Campina Grande, que se insere num movimento mais amplo de cidades que compreendem o transporte coletivo como eixo de desenvolvimento sustentável. Investir em modais como o VLT é reconhecer que a mobilidade urbana deve caminhar junto com o respeito ao meio ambiente e a melhoria das condições de vida da população.

Ao mesmo tempo em que preserva parte da malha ferroviária existente, o VLT representa uma reinterpretação contemporânea do uso dos trilhos — não mais para transportar apenas cargas ou histórias do passado, mas como símbolo de um futuro mais conectado, inclusivo e sustentável.

 

Sérgio Melo
Jornalista e comunicador ambiental. Coordenador de projetos de sustentabilidade urbana no portal Paraíba Cultural e na Q-Ideia – Design e Comunicação. Atua em ações integradas de cultura, meio ambiente e desenvolvimento regional na Paraíba.

 

 

 

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