Projeto de conservação do Cumaru inicia fase de plantio das mudas na caatinga paraibana
Após dois anos de pesquisas e levantamentos de dados, o Projeto Cumaru alcança um momento crucial na missão de conservar a Amburana Cearensis, uma espécie de árvore ameaçada de extinção. O plantio das mudas, resultado de um trabalho árduo no Jardim Botânico da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), representa um passo significativo na preservação desta espécie em seu habitat natural.
As atividades de plantio foram realizadas no Distrito de Cumaru, no município de Pedra Lavrada, e na comunidade de Santa Helena, em Olivedos. Essas localidades foram escolhidas estrategicamente para receber as mudas da Amburana Cearensis, também conhecida como Cumaru. Com a ajuda de material didático e apresentações teóricas, os moradores locais foram educados sobre a importância da conservação da árvore, os benefícios que ela proporciona e os cuidados necessários para o seu cultivo.
Durante as palestras, que tiveram duração de duas horas, os agricultores aprenderam sobre o ciclo de vida da planta, desde a coleta das sementes até a semeadura e o manejo adequado para o plantio. O uso do hidrogel, que ajuda a reter a umidade do solo, foi uma das técnicas ensinadas. Após a teoria, a equipe técnica do projeto, juntamente com os moradores, participou da parte prática, plantando 90 mudas – 45 em cada município.
A participação ativa das comunidades foi fundamental para o sucesso das atividades. Antônia, uma moradora da Caatinga paraibana, expressou sua satisfação em fazer parte do projeto: “Nós vamos plantar as mudas em nossas propriedades para fazer a conservação, pois é de extrema importância para a conservação da planta que se encontra em extinção. Queremos levar esse conhecimento para que todos sejam beneficiados.”
Eliseu, da comunidade Santa Helena, destacou o aprendizado adquirido: “Aprendemos um pouco sobre o Cumaru, suas propriedades medicinais e a importância de plantar as mudas corretamente. Essa árvore demora mais ou menos 5 a 7 anos para ficar adulta. A cova para receber a muda, tem que ter uns 40cm para a planta se desenvolver e a muda tem que ser plantada a cada 4 metros de distância de uma para outra, no mínimo. Estamos lutando para recuperar essa espécie e evitar sua extinção.”
As etapas de plantio e monitoramento são realizadas com visitas técnicas, aulas de educação ambiental e distribuição de material didático. O acompanhamento contínuo da sobrevivência das mudas é essencial, especialmente durante períodos de seca. Cada muda plantada é georreferenciada, permitindo um monitoramento preciso e eficiente.
As mudas, preparadas no viveiro do Jardim Botânico da UEPB em Campina Grande, ficaram aptas para o plantio em abril. Em maio, iniciou-se o plantio no campo, abrangendo inicialmente os municípios de Pedra Lavrada e Olivedos, com planos de expansão para os municípios de Monteiro e Patos.
O Projeto Cumaru é uma colaboração entre a Associação GAEA, a Botanic Gardens Conservation International (BGCI), a Fundação Franklinia e o Jardim Botânico Professor Ivan Coelho Dantas da UEPB. Juntas, essas instituições combinam financiamento, expertise técnica, redes internacionais e esforços locais para proteger e restaurar a Amburana Cearensis e seu habitat na Caatinga paraibana.
Desde 2022, o projeto vem se dedicando à pesquisa, levantamento de dados e educação ambiental, envolvendo as comunidades locais como parceiras essenciais. Agora, com o plantio das mudas em andamento, o foco está na implementação de medidas concretas para garantir a conservação efetiva da espécie a longo prazo.
O Projeto Cumaru avança para uma fase crítica, onde a implementação de ações concretas para proteger e restaurar a Amburana Cearensis e seu habitat natural se torna prioridade. O envolvimento das comunidades locais, o monitoramento contínuo e o plantio cuidadoso são fundamentais para garantir o sucesso a longo prazo do projeto.
Com esses esforços, espera-se não apenas salvar uma espécie ameaçada, mas também promover a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento comunitário na Caatinga paraibana.