VI CONANE em Bananeiras projeta a Escola dos Sonhos e a educação transformadora para o cenário nacional

Por Sérgio Melo
Quando a VI CONANE escolheu Bananeiras e a Escola dos Sonhos como palco, não se tratou apenas de mais uma conferência de educação pública — foi uma convocação para olharmos o Brasil com outros olhos. O país que aparece ali é aquele capaz de reinventar o futuro por meio de escolas que vão muito além do ensino conteudista, tornando-se espaço de vida, cidadania e imaginação.
A matéria da Folha de S.Paulo, publicada em Papo de Responsa em outubro de 2025, capta esse momento com clareza. Intitulada “O Brasil que sabe educar com escolas que reinventam o futuro”, ela celebra iniciativas como a CONANE e aponta seu potencial para inspirar um novo paradigma educacional. (Leia a matéria na íntegra aqui)
Pontos altos da matéria da Folha
- Escolas como agentes de mudança
A reportagem destaca como algumas escolas, como a Escola dos Sonhos e outras ouvidas na VI CONANE, já operam como mais do que lugares de transmissão de conteúdo: transformam realidades, inspiram novos métodos, envolvem comunidades e geram impacto social. - Educação para a vida
A ênfase não está apenas em aprender matemática ou história — mas em aprender a viver, conviver, pensar criticamente, imaginar e agir diante de problemas concretos. A escola reinventada é aquela que prepara para cidadania, para diálogo, para democracia. - Inovação com propósito
As iniciativas inovadoras não são fins em si mesmas: têm propósito. Elas respondem a desafios locais — desigualdade, falta de recursos, distâncias — e buscam soluções contextuais que possam ser escaladas ou replicadas, sem perder identidade. - Reconhecimento e políticas
A matéria salienta que já há vozes e espaços públicos de discussão reconhecendo essas trajetórias. A CONANE se mostra como uma dessas arenas – onde educadores, gestores, famílias, estudantes dialogam sobre o que já existe de possível e sobre o que ainda é urgente. - O desafio de tornar exceção a regra
E talvez o ponto mais contundente: o Brasil atual ainda trata como exceções essas escolas que transformam. A pressão política, a burocracia, as desigualdades regionais e de financiamento, as carências estruturais — tudo isso torna essas escolas mais raras do que deveriam.
Repercussão nacional da VI CONANE
A VI CONANE aparece na matéria da Folha como um exemplo emblemático. Repercutiu para além da Paraíba — educadores de vários estados têm olhado para as práticas mostradas em Bananeiras como inspiração. O modelo da Escola dos Sonhos, seus espaços, sua proposta educativa, sua articulação com a comunidade, tem servido de referência para quem busca alternativas educacionais sérias no Brasil.
Além disso, a cobertura jornalística como a da Folha serve para legitimar o debate: quando veículos de grande circulação destacam essas iniciativas, abrem-se fissuras no consenso de que o ensino público só pode ser o mínimo. Passa a ficar evidente que há propostas com sentido, criatividade e resultados.
Convite aos leitores
Convido você, leitor do Paraíba Cultural, a ler a matéria completa da Folha (“O Brasil que sabe educar com escolas que reinventam o futuro”) para mergulhar nesses exemplos, nos depoimentos, nas vozes de quem vivencia educação de outra forma. O link está aqui:
Leia na íntegra na Folha de S.Paulo
Reflexão: exceção ou possibilidade?
A VI CONANE e a Escola dos Sonhos nos mostram que educação pública de qualidade — que educa para a vida, para o pensamento crítico, para a cidadania — não é uma utopia, mas algo que existe, ainda que em poucas, muito poucas, escolas. E isso torna a regra — o modelo tradicional, conteudista, centrado em provas, hierarquias rígidas e pouca participação — ainda mais flagrante como um problema.
O grande desafio, para mim, é: como transformar essas exceções em norma? Como fazer com que, em cada cidade, em cada escola pública, existam práticas de ensino que dialoguem com quem são os estudantes, seus contextos, seus sonhos — não apenas para prepará-los para o mercado, mas para que sejam sujeitos de sua própria história?
Enquanto Educação for encarada apenas como etapa formal, certificação, medida estatística, pouco mudará. Mas se for tratada como transformação — como vínculo, cuidado, agência — então Bananeiras e sua Escola dos Sonhos poderão deixar de ser exceção e se tornar referência comum.
Este é um momento de esperança e urgência: esperança de que há Brasil que sabe, urgência de que precisamos ampliar essas vozes, fortalecer essas escolas, incentivar políticas públicas que façam da educação transformadora algo acessível, presente, garantido para todos.
Sérgio Melo
Jornalista e Gestor Ambiental. Coordenador de projetos de Educação Ambiental no portal Paraíba Cultural e no Q-Ideia – Design e Comunicação. Atua em ações integradas de sustentabilidade, cultura e desenvolvimento territorial no Estado da Paraíba.