Eu estava em Exu no dia do sepultamento de Luiz Gonzaga

 Eu estava em Exu no dia do sepultamento de Luiz Gonzaga

Cerca de 10 mil pessoas participaram do enterro do Rei do Baião em Exu, com faixas contendo frases de despedida inspiradas em A Morte do Vaqueiro e A Triste Partida.

Agosto mês do desgosto, diz-se, por causa das grandes tragédias que aconteceram ou tiveram início nesse mês. Exemplos, as grandes guerras mundiais do século XX, as mortes trágicas de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek… Luiz Gonzaga também morreu em agosto – dia 2 – mas de morte esperada, por causa de câncer de próstata.

Eu – jornalista foca (novato) – estava em Exu (PE) em 4 de agosto de 1989 cobrindo o sepultamento do corpo do Rei do Baião, que resultou em duas reportagens especiais publicadas no jornal A União da Paraíba.     

A morte do Rei do Baião em Recife (PE), no início da manhã de 2 de agosto daquele ano, repercutiu em todo Brasil e na imprensa estrangeira. O corpo dele ficou exposto na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Dominguinhos gravando reportagem de televisão no cemitério de Exu, junto do local onde estava sendo construído o túmulo de Luiz Gonzaga.
Dominguinhos gravando reportagem de televisão no cemitério de Exu, junto do local onde estava sendo construído o túmulo de Luiz Gonzaga.

 

No dia seguinte, após missa de corpo presente concelebrada por Dom Hélder Câmara, bispo emérito do Recife e Olinda, o féretro de Luiz Gonzaga seguiu pelas ruas da capital pernambucana, sendo ovacionado por milhares de fãs, com destino a Exu.

Enquanto isso eu viajava de Campina Grande (PB) para Exu fazer a cobertura jornalística do acontecimento. Depois comprovei, eu era único da imprensa paraibana presente na cidade natal do Rei do Baião naquele dia.

O corpo de Luiz Gonzaga, depois de desfilar em carro aberto do Corpo de Bombeiro pelas ruas de Juazeiro do Norte (CE), seguiu para a cidade de Exu (PE), onde ficou em exposição na igreja matriz local desde a noite de quinta-feira, 3 de agosto.

Na manhã de sexta-feira, 4 de agosto, cartazes com mensagens e centenas de coroas de flores se espalhavam pela igreja do Bom Jesus dos Aflitos da cidade, inteiramente invadida pelos emocionados fãs do Rei do Baião.

No meio da multidão, artistas seguidores e familiares de Luiz Gonzaga, entre eles, Dominguinhos, Gonzaguinha, Alcimar Monteiro, Valdones, ainda adolescente, e as irmãs de Luiz Gonzaga, inclusive Chiquinha Gonzaga, a mulher dele Helena Gonzaga.

Gonzaguinha foi a Exu para o enterro de Luiz Gonzaga e posou para retrato com as tias Geni e Socorro Gonzaga.
Gonzaguinha foi a Exu para o enterro de Luiz Gonzaga e posou para retrato com as tias Geni e Socorro Gonzaga.

 

Na tarde de 4 de agosto de 1989, dia do sepultamento de Luiz Gonzaga, grande multidão já lotava a igreja e ruas do entorno para o início da celebração da missa de corpo presente presidida pelo padre Gotardo Lemos, amigo e parceiro da música Obrigado, João Paulo.

O povo cantou em coro a música A Morte do Vaqueiro.

Após as cerimônias religiosas finais da missa, acompanhada por diversos sanfoneiros, o grupo folclórico Bacamarteiros de Caruaru o homenageou Luiz Gonzaga com uma salva de tiros.

Por volta de 15h45 o caixão com o corpo do Rei do Baião foi posto em carro do Corpo de Bombeiros do Crato, o cortejo seguindo vagarosamente no meio da multidão, estimada de mais de 10 mil pessoas, com destino ao cemitério de Exu.

Os fãs emocionados exibiam faixas, cartazes, com frases de despedidas inspiradas nas músicas de Luiz Gonzaga, acenando lenços brancos, caminhando junto a vaqueiros a cavalo e encourados.

O sepultamento do corpo de Luiz Gonzaga no cemitério de Exu – por trás do túmulo dos pais dele Januário e Santana – aconteceu sem a multidão dos fãs, por questão de segurança. Participaram apenas os familiares, amigos, artistas, equipes de reportagens, além de um corpo da maçonaria que celebrou em ritual próprio o enterro do corpo do irmão de ordem.

Os restos mortais de Luiz Gonzaga e os dos seus pais, Januário e Santana, assim como da esposa Helena Gonzaga, repousam hoje no mausoléu da família no Parque Aza Branca de Exu.

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