A Cultura segue viva em mais de 5 mil cidades: a Aldir Blanc continua em 2025, e isso é histórico

Por Sérgio Melo, para o Paraíba Cultural
Sexta-feira chegou com uma daquelas notícias que me animam de verdade como comunicador, artista e gestor cultural. O Ministério da Cultura (MinC) divulgou os resultados da aferição financeira do primeiro ciclo da Política Nacional Aldir Blanc — e o número impressiona: mais de 5 mil municípios brasileiros estão aptos a seguir investindo em cultura em 2025. Isso mesmo. São 5.113 cidades que continuarão recebendo recursos públicos para fortalecer suas expressões culturais, linguagens artísticas, espaços, grupos e coletivos locais.
O que isso quer dizer? Que a cultura resistiu, se organizou e executou bem os recursos que recebeu. Que milhares de gestores municipais conseguiram — com todas as dificuldades enfrentadas no Brasil profundo — prestar contas, aplicar bem o dinheiro e, com isso, habilitar suas cidades para o segundo ciclo da Política Aldir Blanc. Como bem disse a ministra da Cultura, Margareth Menezes: “É uma importante confirmação de que a cultura executa bem seus recursos. Os resultados mostram uma gestão qualificada, com estados e municípios comprometidos com a boa aplicação do recurso público. É um fato histórico.”
E é mesmo. Nunca se investiu tanto em cultura de maneira descentralizada. A Aldir Blanc representa, na prática, a cultura chegando aonde ela nunca foi prioridade. São equipamentos sendo revitalizados, artistas sendo pagos, coletivos sobrevivendo, mestres e mestras populares voltando a ser referência nos seus territórios.
Segundo o levantamento do MinC, 4.855 municípios ultrapassaram os 60% de execução financeira — índice que demonstra o compromisso de boa parte dos entes federativos com essa política pública. Os demais também foram considerados habilitados, com base nas exceções previstas pela Portaria MinC Nº 200/2024, como devolução voluntária de recursos, reversão para o estado ou não adesão ao primeiro ciclo.
Como disse o secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares, “o fato mostra que os gestores locais sabem como investir na cultura e que existe muita demanda por esse tipo de investimento nas comunidades”. Isso é um dado que não pode ser ignorado: há capacidade técnica, há vontade política, e há, principalmente, urgência social e simbólica em fazer a cultura pulsar onde ela foi silenciada por tanto tempo.
Para 2025, o segundo ciclo da Política Nacional Aldir Blanc garante a continuidade desse fluxo. Dinheiro público vai chegar às cidades, aos teatros, aos centros culturais, aos terreiros, aos saraus, às casas de cultura, às escolas de música, aos grupos de teatro, às oficinas, aos museus populares, às tradições orais, à cultura digital. Vai chegar onde mais se precisa. E isso muda tudo.
Os entes federativos que ainda não foram habilitados têm até o dia 18 de julho de 2025, às 23h59, para apresentar recurso. É possível comprovar a execução financeira por meio de extratos e conciliações bancárias, enviados ao e-mail: afericao.sefic@cultura.gov.br. Um último esforço que pode garantir a continuidade dos investimentos culturais em municípios que, por algum motivo, ficaram em situação pendente.
Estamos falando de uma política estruturante, que se conecta com as realidades locais, que escuta quem está na base e que valoriza o Brasil que canta, que dança, que pinta, que conta histórias, que constrói memória e futuro. Que bom ver a cultura sendo tratada com a seriedade que merece. Que bom saber que, mesmo diante de tantas crises, a cultura resistiu — e segue viva em mais de 5 mil cidades brasileiras.
É um tempo bonito para a cultura do Brasil.
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