Brás Cubas: O que fez o autor viralizar depois de 143 anos de sua publicação?

Memórias Póstumas de Brás Cubas é, possivelmente, o mais importante romance brasileiro de todos os tempos. Na foto, versão na língua inglesa (Imagem: Divulgação)

Brás Cubas: O que fez o autor viralizar depois de 143 anos de sua publicação?

A tradução para o inglês de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, por Flora Thomson-DeVeaux, e a divulgação do livro pela influencer Courtney Henning Novak elevaram Machado de Assis como o autor mais vendido, no mês de maio, na Amazon, nos Estados Unidos.

Publicado em 1881, escrito com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, Memórias Póstumas de Brás Cubas é, possivelmente, o mais importante romance brasileiro de todos os tempos. Inovador, irônico, rebelde, toca no que há de mais profundo no ser humano.

“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, além de inaugurar o Realismo no Brasil – movimento literário que significou um olhar mais realista e objetivo sobre a existência e as relações humanas, surgindo como oposição ao romantismo e sua visão idealizada da vida – é inovador no cenário da literatura brasileira, uma vez que rompe radicalmente com o modelo “tradicional” da narrativa romântica.

O protagonista, Brás Cubas, está morto. Mas isso não o impede de relatar em seu livro os acontecimentos de sua existência e de sua grande ideia fixa: lançar o Emplasto Brás Cubas. O medicamento anti-hipocondríaco torna-se o estopim de uma série de lembranças, reminiscências e digressões da vida do “defunto autor”.

Patrícia de Avila Vechiatto Cajai, docente de Língua Portuguesa e Literatura, do Colégio Marista Arquidiocesano, localizado na Zona Sul de São Paulo (SP), avalia que que Machado de Assis é um escritor universal, na medida em que trata de questões humanas de forma direta, sem rodeios. “Ambição, cobiça, hipocrisia, ciúmes, sempre com visão crítica e envolvendo o leitor em suas reflexões, com engenhosidade linguística e literária, pois é marca de seu estilo estabelecer diálogos com o interlocutor de sua obra”, afirma a professora.

Brás Cubas autodenomina-se “defunto autor”, pois está entediado com a vida eterna e resolve contar sua vida, como representante da elite brasileira, de modo arrogante e, em certa medida, insolente. “Por meio da figura de Brás Cubas, o leitor depara-se com o retrato da miséria humana e, muitas vezes, com suas próprias fraquezas. É importante destacar o modo como Machado de Assis descreve, com detalhes, as personagens, ponto forte de sua escrita”, argumenta Patrícia.

Para a docente, a dedicatória ““Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”, contribui para a excepcionalidade da narrativa machadiana em território nacional e em terras estrangeiras e explicita a genialidade do autor que rompeu fronteiras literárias e geográficas”, constata.

 

 

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