Paraíba pode fortalecer seu futuro com a criação de novas Unidades de Conservação

 Paraíba pode fortalecer seu futuro com a criação de novas Unidades de Conservação

Zona rural do município do Congo, no Cariri paraibano. Foto: Sérgio Melo

Por Sérgio Melo / Paraíba Cultural

 

Olá, eu sou Sérgio Melo — jornalista, gestor ambiental e apaixonado por tudo que envolve natureza, cultura e o futuro da nossa Paraíba. Escrevo hoje com a certeza de que, se quisermos mesmo construir um estado mais forte e sustentável, precisamos olhar com carinho para as nossas riquezas naturais. Criar novas Unidades de Conservação não é só proteger o que já é nosso por direito — é também abrir caminhos para o turismo, valorizar nossas tradições e garantir que as próximas gerações tenham orgulho do chão que pisam.

Nos últimos 12 meses, o interesse dos brasileiros por “unidades de conservação” cresceu 50%, segundo a plataforma Bulbe Energia. Foram mais de 1 milhão de buscas online, revelando uma tendência clara de valorização desses espaços como destinos turísticos, ambientes de pesquisa e refúgios ambientais. O ICMBio, por sua vez, registrou 25,5 milhões de visitas às UCs federais em 2024 — um crescimento de quase 5% em relação a 2023.

Esse crescimento não se limita ao Sudeste ou Sul do país. No Nordeste, experiências bem-sucedidas como o Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) mostram como a conservação ambiental pode ser aliada do turismo sustentável, da educação e da geração de emprego e renda.

 

E na Paraíba?

Nosso estado conta atualmente com cerca de 35 Unidades de Conservação, entre estaduais, federais e particulares, segundo dados do ICMBio, ICMbio-PB e levantamento técnico do IFPB. Entre elas estão:

  • Parque Nacional da Serra do Teixeira (2023) – com mais de 61 mil hectares, no sertão paraibano;
  • Reserva Biológica Guaribas, entre Mamanguape e Rio Tinto – um importante remanescente da Mata Atlântica;
  • APA da Barra do Rio Mamanguape, com rica biodiversidade de manguezais e peixes-boi marinhos;
  • Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha, em Cabedelo – cartão postal do nosso litoral e berçário de inúmeras espécies marinhas.

Ainda assim, a cobertura de UCs no território paraibano é baixa: menos de 2% da área total do estado está protegida por UCs de proteção integral. Para comparação, estados como o Acre e o Amazonas já ultrapassaram a marca de 40% de áreas protegidas, com resultados consistentes na economia verde, no turismo ecológico e na valorização das culturas locais.

 

Por que criar Unidades de Conservação?

A criação de novas UCs tem efeitos multiplicadores:

  • Preserva a biodiversidade da caatinga, da mata atlântica e dos ecossistemas costeiros;
  • Garante recursos hídricos e serviços ecossistêmicos, como regulação climática e fertilidade dos solos;
  • Impulsiona o turismo de base comunitária, com foco na experiência, no conhecimento tradicional e no contato com a natureza;
  • Atrai investimentos públicos e privados, inclusive internacionais, voltados à restauração, infraestrutura verde, pesquisas e educação ambiental;
  • Inspira iniciativas locais como RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), envolvendo proprietários rurais, escolas, associações comunitárias e prefeituras.

Há potencial inexplorado em regiões como o Brejo paraibano (com sua biodiversidade única e clima ameno), o Cariri (com áreas de caatinga bem preservada e formações geológicas notáveis), o litoral sul (com falésias, restingas e recifes de coral), além de áreas de transição agrícola que podem ser reconvertidas em corredores ecológicos.

 

Um chamado à ação

A Paraíba vive um momento estratégico para consolidar uma agenda ambiental propositiva. A criação de novas UCs depende da articulação entre o governo estadual, municípios, universidades, ONGs ambientais, iniciativa privada e comunidades locais. Esse diálogo precisa ser qualificado, contínuo e transparente.

Ao transformar natureza em patrimônio público protegido, garantimos que nossas paisagens, nossos saberes e nossas águas sigam existindo para as futuras gerações. Que sejamos, de fato, herdeiros conscientes da riqueza ecológica que nos foi confiada.

 

 

Sérgio Melo
Jornalista e gestor ambiental. Coordenador de projetos de Educação Ambiental no portal Paraíba Cultural e no Q-Ideia – Design e Comunicação. Atua em ações integradas de sustentabilidade, cultura e desenvolvimento territorial no Estado da Paraíba.

 

 

 

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