Vida nas profundezas: cientistas descobrem ecossistema inédito a 9 mil metros no Oceano Pacífico

 Vida nas profundezas: cientistas descobrem ecossistema inédito a 9 mil metros no Oceano Pacífico

Organismos que vivem sem luz e dependem da quimiossíntese surpreendem pesquisadores e ampliam os limites conhecidos da vida na Terra. Fotografia cortesia de Rov Subastian/Instituto Oceânico Schmidt

Por Sérgio Melo | Paraíba Cultural

 

Minha curiosidade pelo tema surgiu ao ler uma matéria da Superinteressante sobre ecossistemas profundos — mas foi ao me deparar com entrevistas de cientistas envolvidos na missão que senti meu fascínio se transformar em inspiração para esta reportagem. E então decidi me aprofundar mais, trazer vozes dos pesquisadores e ilustrar o que esses organismos tão singulares revelam sobre o mundo abissal.

 

O que dizem os cientistas

Os depoimentos foram coletados por repórteres da CNN Brasil e de portais internacionais, onde ecoam a grandiosidade da descoberta:

“É um oásis vibrante no deserto das profundezas”, afirmou Mengran Du, geoquímico marinho da Academia Chinesa de Ciências.

Xiaotong Peng, geólogo marinho, destacou: “Trata-se das comunidades quimiossintéticas mais profundas e mais extensas conhecidas em nosso planeta.”

Outros pesquisadores confirmam que, embora formas de vida já tenham sido documentadas em profundidades ainda maiores, esta é a primeira vez que comunidades inteiras baseadas em quimiossíntese são vistas tão abaixo: 9.533 metros de profundidade.

 

Fundo oceânico e vermes tubulares – Shape of Life

 

Quem habita esse mundo inacessível

As criaturas observadas impressionam pela aparência e resiliência:

  • Vermes tubulares (siboglinídeos), com até 30 cm de comprimento, formando densas colônias brancas e vermelhas;
  • Moluscos bivalves, com conchas brancas e grandes dimensões, possivelmente espécies ainda não descritas;
  • Anêmonas-do-mar, pepinos-do-mar, vermes-colher e outros habitantes adaptados a pressões extremas.

 

Vida sem luz: a força da quimiossíntese

Diferente da fotossíntese, que depende da luz solar, esses seres vivem a partir da quimiossíntese, um processo em que bactérias simbióticas transformam metano e sulfeto de hidrogênio em energia para sustentar a vida.

Mesmo em temperaturas próximas de 0 °C, na escuridão total e sob pressão mil vezes maior que a da superfície, a vida prospera — um feito que redefine nossos limites biológicos.

 

Figura 1 – Mapa da área de estudo (área da Fossa das Curilas-Kamchatka) e a localização das estações de águas profundas analisadas – Abyssal Studies

 

O impacto da descoberta

  • Esta é a comunidade quimiossintética mais profunda já registrada.
  • A descoberta amplia nossa compreensão sobre onde a vida pode existir.
  • Fortalece hipóteses sobre a possibilidade de vida em ambientes extraterrestres, como nos oceanos das luas Europa e Encélado.

 

Reflexão

Como repórter do Paraíba Cultural, fico fascinado com o quanto ainda temos a aprender sobre nosso planeta. A cada nova descoberta, a ciência nos mostra que a vida é mais resiliente, criativa e misteriosa do que jamais poderíamos imaginar. E mesmo estando a milhares de metros da superfície, o que acontece nas profundezas ecoa até aqui — provocando perguntas, admiração e, quem sabe, novas missões.

 

 

 

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