A 60 dias da largada, Sertões BRB revela vídeo manifesto, na voz de Elba Ramalho

Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, inspira o texto que revisita o coração do Brasil, palco da edição 2024 do rally

A 60 dias da largada, Sertões BRB revela vídeo manifesto, na voz de Elba Ramalho

A contagem regressiva para a largada do Sertões BRB 2024 chega nesta segunda-feira (24/6) a uma data significativa. Faltam 60 dias para que carros, motos, UTVs e quadriciclos iniciem um percurso de 3.500 quilômetros atravessando o Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais e Bahia, com largada e chegada em Brasília (23 a 31 de agosto). Desbravando pelo 32° ano consecutivo o Brasil e a riqueza de suas paisagens.

Uma ocasião perfeita para revelar o vídeo manifesto desta edição do maior rally das Américas, resumida no lema “Caminho que inspira”. Referência à obra que com maestria mergulha nos mistérios e detalhes de uma região que vai além dos limites geográficos – Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Sob a batuta de Deco Parisatto, a equipe de criação do Sertões se apropriou da visão e do linguajar únicos de Rosa para redescobrir o Sertão pela ótica de seus novos exploradores. Homens e mulheres que, não mais no lombo de uma mula, como o diplomata e escritor, mas sobre veículos de duas e quatro rodas, percorrerão as imensidões do interior do país. Encontrarão o sozinho que, ao mesmo tempo, é do tamanho do mundo. Descobrirão o valor do que há entre o início e o fim da travessia. E precisarão mostrar o que a vida quer de nós, como ensina a sabedoria do sertanejo no clássico da literatura.

Para narrar essa viagem que antecede a viagem, uma voz que, com toda a sua força, pungência e energia, canta o Sertão e seus personagens com a inspiração da própria vida: a paraibana Elba Ramalho.

 

O que a vida quer da gente?

Entre rasgar-se e remendar-se

Sossega e desinquieta.

Não está nem no início, nem no final

Está no meio da travessia.

O que a vida quer da gente é coragem!

Porque quando a gente menos espera, o Sertão vem. 

Não chama ninguém às claras. Mas se esconde e acena.

De repente, se estremece, debaixo da gente.

De vereda em vereda, como ensinam os buritis

Onde os pastos carecem de fechos

Pode torar dez, quinze léguas sem topar com ninguém

O Sertão é o sozinho

Não tem portas nem janelas

Você pode empurrar para trás

Mas ele volta a te rodear por todos os lados

Tira ou dá. Amarga ou agrada

Ele aceita todos os nomes: Gerais, Chapadão, Caatinga

Estes seus vazios

Onde o pensamento tem que ser mais forte que o poder do lugar

O Sertão é dentro da gente

Mas o dia vindo depois da noite é a razão dos passarinhos

E o Sertão também foi feito para ser sempre assim: alegrias

Onde amor já é um pouquinho de saúde

E amigo é com quem a gente gosta de conversar, de igual para igual. Desarmado

Encostando o ouvido no chão se escuta o barulho de fortes águas

Dormimos sobre rios.

O amor cresce antes de brotar e tudo que é bonito é absurdo

O Sertão é do tamanho do mundo

Neste ano, o maior rally das Américas reencontra o Grande Sertão

O rosa de Guimarães ganha tons de laranja

E entre um rasgar-se e remendar-se

Sossega e desinquieta

Nunca podemos esquecer o que a vida quer de nós:

Coragem.

 

 

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