A cultura do voto despretensioso é um desafio para o futuro de Campina Grande

A urgência de mudar: Como o voto despretensioso ameaça o progresso de Campina Grande

A cultura do voto despretensioso é um desafio para o futuro de Campina Grande

Escrito por Sérgio Melo

 

Campina Grande, uma cidade marcada por seu dinamismo cultural e econômico, enfrenta um dilema que se repete a cada eleição: a cultura do voto despretensioso. Esse fenômeno, onde muitos eleitores parecem ignorar as necessidades da cidade em prol de afinidades pessoais ou fanatismos políticos, revela uma questão preocupante sobre o processo democrático no município. A escolha de candidatos a cargos públicos, como prefeito e vereadores, tem implicações diretas no desenvolvimento e planejamento urbano, mas isso frequentemente fica em segundo plano.

Enquanto a cidade passa por diversas transformações econômicas, industriais e energéticas, além das mudanças climáticas que afetam a vida cotidiana, os eleitores de Campina Grande muitas vezes não priorizam essas questões fundamentais. A negligência quanto às necessidades estruturantes da cidade gera consequências graves para o futuro, especialmente em áreas como o saneamento, o transporte público e o meio ambiente.

Um exemplo claro dessa negligência está nos açudes de Campina Grande. Tanto o Açude Velho quanto o Açude de Bodocongó, que têm um importante valor histórico, social e econômico para o município, encontram-se atualmente poluídos e subutilizados. O potencial turístico e ambiental desses espaços é imenso, e sua recuperação poderia representar não apenas um avanço na qualidade de vida da população, mas também na economia local. No entanto, esses aspectos raramente são discutidos durante as campanhas eleitorais, e os eleitores deixam de cobrar propostas viáveis para resolver esses problemas.

 

O despejo de esgoto e outros poluentes no Açude Velho tem um impacto devastador na qualidade de vida dos cidadãos de Campina Grande. A poluição contamina a água, afeta o ecossistema local e gera riscos à saúde pública, como a proliferação de doenças transmitidas pela água e pelo ar. Além disso, o mau cheiro e a degradação visual do açude desvalorizam as áreas residenciais e comerciais ao redor, prejudicando o bem-estar dos moradores e dificultando o desenvolvimento de atividades de lazer e convivência.No setor econômico, o impacto é igualmente negativo, pois o Açude Velho, que já foi um dos cartões-postais mais importantes da cidade, perde seu potencial turístico devido ao estado de degradação. Esse descaso ambiental afasta possíveis investimentos em turismo e infraestrutura, impedindo a criação de espaços de lazer, hotéis, restaurantes e eventos que poderiam atrair visitantes e gerar receita para o município. A revitalização do Açude Velho traria não só um ganho ambiental, mas também a oportunidade de transformar a área em um polo de desenvolvimento econômico, cultural e turístico para Campina Grande. Foto: Sérgio Melo
O despejo de esgoto e outros poluentes no Açude Velho tem um impacto devastador na qualidade de vida dos cidadãos de Campina Grande. A poluição contamina a água, afeta o ecossistema local e gera riscos à saúde pública, como a proliferação de doenças transmitidas pela água e pelo ar. Além disso, o mau cheiro e a degradação visual do açude desvalorizam as áreas residenciais e comerciais ao redor, prejudicando o bem-estar dos moradores e dificultando o desenvolvimento de atividades de lazer e convivência.
No setor econômico, o impacto é igualmente negativo, pois o Açude Velho, que já foi um dos cartões-postais mais importantes da cidade, perde seu potencial turístico devido ao estado de degradação. Esse descaso ambiental afasta possíveis investimentos em turismo e infraestrutura, impedindo a criação de espaços de lazer, hotéis, restaurantes e eventos que poderiam atrair visitantes e gerar receita para o município. A revitalização do Açude Velho traria não só um ganho ambiental, mas também a oportunidade de transformar a área em um polo de desenvolvimento econômico, cultural e turístico para Campina Grande. Foto: Sérgio Melo

 

Outra pauta urgente é a questão do transporte urbano. Campina Grande ainda enfrenta desafios significativos quanto à mobilidade. O sistema atual, baseado majoritariamente em ônibus poluentes, impacta negativamente a saúde da população, gerando doenças respiratórias e sobrecarregando o sistema de saúde do município. Além disso, a infraestrutura de transporte não atende adequadamente as periferias, onde reside a maior parte da população que depende do transporte público. A introdução de alternativas mais sustentáveis, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), poderia trazer uma solução para o problema da poluição e melhorar o acesso ao transporte em áreas carentes, mas isso também exige planejamento e vontade política.

Outro aspecto fundamental que merece atenção é a arborização e a preservação de áreas verdes na cidade. Campina Grande, como qualquer grande centro urbano, precisa de um planejamento voltado para a conservação de suas matas e fauna, além da criação e manutenção de espaços verdes que beneficiem a sociedade. O impacto positivo da arborização sobre a qualidade de vida urbana é inegável, contribuindo para a redução da temperatura, a melhoria da qualidade do ar e a promoção de um ambiente mais saudável para os cidadãos.

Essas questões cruciais precisam estar no centro do debate eleitoral, mas, em vez disso, muitas vezes os eleitores campinenses escolhem seus candidatos com base em relações pessoais ou antigas tradições políticas, desconsiderando o papel que vereadores e prefeitos têm no planejamento e execução de projetos estruturantes para a cidade. A cultura de votar por afinidade ou por “amizade” perpetua um ciclo em que as necessidades reais da população e os desafios que a cidade enfrenta não são tratados com a seriedade necessária.

Essa mentalidade remete ao passado da cidade, na época de Vila Nova da Rainha, quando a administração pública era vista como uma prerrogativa das famílias mais importantes e influentes. A ideia de que apenas os “doutores” dessas famílias poderiam governar de forma eficaz é uma visão ultrapassada que ainda encontra eco em certos setores da sociedade. No entanto, é preciso desmistificar essa ideia, que não condiz com a realidade contemporânea. A escolha de quem vai gerir a cidade e decidir sobre o seu orçamento deve ser pautada pela capacidade técnica e compromisso dos candidatos em enfrentar os desafios atuais, e não por questões familiares ou status social.

Campina Grande, assim como outras cidades da Paraíba, precisa de uma mudança urgente na sua cultura política. É fundamental que a população comece a questionar as propostas e o preparo dos candidatos, priorizando aqueles que demonstram estar comprometidos com o desenvolvimento sustentável, a melhoria da infraestrutura urbana e o bem-estar dos cidadãos. Só assim será possível construir uma cidade mais justa, equilibrada e preparada para os desafios do século XXI.

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