Biliu de Campina completou seu último giro em torno do sol
Numa tarde chuvosa de segunda-feira, 8 de junho de 2024, a Serra da Borborema testemunhou a despedida de Severino Xavier de Souza, mais conhecido como Biliu de Campina. Nascido em 1º de março de 1949, Biliu foi compositor, cantor, advogado e mestre da cultura paraibana. Sua morte, confirmada por familiares, ocorreu após complicações decorrentes de uma queda, agravadas por suas comorbidades, incluindo hipertensão e diabetes.
Biliu de Campina, formado em direito pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), trocou a advocacia pela música em 1978, mergulhando de cabeça na missão de resgatar e fortalecer o forró de raiz. Com uma personalidade extrovertida e frases marcantes que ecoam na memória coletiva, ele se autointitulava “o maior carrego de Campina Grande”, destacando-se como um defensor fervoroso da valorização dos artistas locais.
Sua carreira musical é marcada por lançamentos independentes, incluindo três discos: “Tributo a Jackson e Rosil”, “Forró o Ano Inteiro” e “Matéria Paga”, além de dois CDs: “Do Jeito que o Diabo Gosta” e “Forrobodologia”. Cada trabalho reflete seu compromisso com a autenticidade do forró e a riqueza cultural da Paraíba.
Biliu de Campina era mais do que um músico; ele era um ícone da cultura regional, um guerreiro na luta pela valorização dos artistas locais e pela preservação do patrimônio cultural brasileiro. Suas performances energéticas e sua presença carismática cativaram não apenas os habitantes de Campina Grande, mas todos os amantes do forró raiz.
As histórias e frases de Biliu ficaram eternizadas, sendo parte intrínseca da memória de Campina Grande. Ele era conhecido por suas expressões únicas e seu jeito irreverente de lidar com amigos e fãs, criando um legado que transcende sua música.
Em sua última batalha, Biliu enfrentou problemas respiratórios e precisou ser entubado na UTI do Hospital de Trauma de Campina Grande, onde estava internado desde 24 de junho. Mesmo com todas as adversidades, seu espírito de luta e amor pela cultura paraibana permaneceram inabaláveis até o fim.
A morte de Biliu de Campina é uma perda inestimável para a cultura brasileira, mas seu legado vive em cada acorde de forró, em cada expressão cultural que ele tanto valorizou e defendeu. Ele completou seu último giro em torno do sol, deixando uma marca indelével na história de Campina Grande e no coração de todos que amam a cultura nordestina.
Que a memória de Biliu de Campina continue a inspirar futuras gerações a lutar pela valorização da cultura regional e a celebrar a riqueza do forró raiz.
Fotos: Sérgio Melo