Conheça o Plano de Salvaguarda do Maracatu Nação

Resultado de uma construção coletiva, o documento busca manter a manifestação ativa por meio de políticas públicas culturais

Conheça o Plano de Salvaguarda do Maracatu Nação

Uma das manifestações culturais de grande popularidade e importância em Pernambuco e no Nordeste acaba de ganhar um Plano de Salvaguarda. O Maracatu Nação, bem imaterial inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, em dezembro de 2014, agora possui o documento fundamental que apresenta as iniciativas de proteção de maneira estratégica, os objetivos e o planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo a fim de promover um amplo alcance da política de salvaguarda.

O Plano de Salvaguarda do Maracatu Nação é fruto da organização e dedicação dos detentores desse bem cultural para a perpetuação de sua manifestação e da sua busca ativa pelas políticas públicas da área da cultura e patrimônio cultural. O resultado é um documento representativo, que reúne um diagnóstico abrangente da situação do bem cultural e dos seus grupos, mas que é dinâmico, mutável, e dessa forma pretende responder às mudanças sociais que o Maracatu Nação enfrenta.

Segundo o presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (AMANPE), Fábio Sotero, o instrumento é fundamental para a proteção do bem pelo Estado. “O plano de salvaguarda serve pra gente cobrar respeito junto aos órgãos públicos. Não é só uma diversão, diversas pessoas vivem e sobrevivem por conta do Maracatu”, contou.

Na avaliação do servidor e cientista social do Iphan-PE Giorge Bessoni, o processo de salvaguarda do Maracatu Nação tem sido um desafio singular para o Iphan-PE, tendo em vista as enormes dificuldades socioculturais que as manifestações afro-brasileiras enfrentam para continuar produzindo e reproduzindo suas celebrações e rituais.

“As maiores dificuldades socioculturais que vejo no Maracatu Nação são o preconceito pelo fato de serem grupos culturais de bairros periféricos de cidades da região metropolitana do Recife, além de serem comunidades de matriz africana, que possuem uma religiosidade que sofre bastante com a intolerância e a discriminação. Também não podemos esquecer as dificuldades econômicas que esses grupos enfrentam, que estão relacionadas aos problemas socioculturais que permeiam essa tradição”, destacou Giorge Bessoni.

A publicação do Plano de Salvaguarda do Maracatu Nação segue as orientações do Manual de Elaboração de Planos de Salvaguarda, publicado pelo Iphan, autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura. A publicação surgiu da necessidade de apresentar à área técnica do Instituto, aos detentores dos bens registrados e demais agentes as orientações necessárias para a execução de ações de preservação do bem.

 

Maracatu Nação 

Também conhecido como Maracatu de Baque Virado, o Maracatu Nação é manifestação artística da cultura popular e carnavalesca da Região Metropolitana do Recife em que um cortejo real desfila pelas ruas, acompanhado de um conjunto musical percussivo. Composto majoritariamente por negros e negras, os maracatus nação podem ser remontados às antigas coroações de reis e rainhas congo.

Marcado por musicalidade, dança e fé, o bem imaterial reúne aspectos brasileiros e de matriz africana e é inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão desde dezembro de 2014.

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