Entrevista: coordenador do “Projeto Cumaru” fala sobre as pesquisas que visam a preservação da Amburana Cearensis na caatinga paraibana
A Associação GAEA, BGCI, Fundação Franklinia e o Jardim Botânico Professor Ivan Coelho Dantas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), representam uma abordagem abrangente e holística para a conservação da amburana cearense, combinando financiamento, expertise técnica, redes internacionais e esforços locais para proteger e restaurar essa espécie ameaçada e seu habitat na Caatinga paraibana.
Faz dois anos que o projeto “Cumaru” vem trabalhando na pesquisa e levantamento de dados nos municípios de Pedra Lavrada, Olivedos e Distrito de São José da Mata, além de trabalhar com a educação ambiental e estudar a cultura local. Tendo as associações de moradores como parceiros das ações no campo e nas comunidades.
O projeto chega à uma etapa muito importante da pesquisa, conversamos com o coordenador do projeto “Cumaru”, Helimarcos Nunes Pereira, Vice-Diretor do Jardim Botânico da UEPB e responsável pelo planejamento execução das próximas etapas.
Sérgio Melo: O Projeto Cumaru está na fase final da semeadura da Amburana cearensis, passando a planejar o plantio das mudas. Onde serão realizadas as ações de plantio e como serão monitoradas? Terá participação das comunidades da região escolhida?
Helimarcos: As mudas neste mês de abril já estão aptas para o plantio, encontrando-se na fase final de desenvolvimento. O planejamento é que neste mês de maio elas sejam levadas ao campo para o plantio. As mudas serão distribuídas nos municípios de Pedra Lavrada, Olivedos, Monteiro e Patos. O plantio dessas mudas será realizado com a localização de cada planta georreferenciada para permitir o monitoramento. As pessoas das comunidades irão colaborar nessas etapas, realizando visitas aos locais de plantio, monitorando a sobrevivência da espécie e auxiliando na manutenção, especialmente em caso de falta de chuvas. Todas essas etapas de desenvolvimento das mudas contarão com a colaboração das comunidades onde estão inseridas.
Sérgio Melo: Tendo a participação da comunidade, como será a participação dela? Existe alguma parceria com entidades ou prefeituras?
Helimarcos: A comunidade estabeleceu parcerias com o projeto por meio das associações de moradores. A maior parte dos locais contará com a iniciativa das associações, pois já possuem organização interna. Além disso, contamos com a organização civil União Caatinga de Pedra Lavrada. Essas interações serão muito importantes para facilitar a comunicação e o diálogo com a comunidade.
Sérgio Melo: Sabendo que o acompanhamento das mudas é imprescindível para a conservação da espécie em seu habitat natural, como será a comunicação com a população local e adjacente? Haverá ações de educação ambiental? Quais formas serão utilizadas para transmitir as informações para a população?
Helimarcos: A comunicação com a comunidade será essencial. Teremos um técnico que coordenará e realizará esse acompanhamento periódico junto à comunidade. Será criado um cadastro e um grupo através de aplicativo para manter contato direto com os moradores das áreas onde as mudas serão inseridas. Além das visitas periódicas, também serão realizados treinamentos e ações de educação ambiental, como workshops e formações com a comunidade para discutir sobre essa planta. Serão criados materiais educativos, como folders e outras publicações, mostrando o passo a passo desse treinamento com a comunidade, visando fortalecer a cultura da preservação.
Sérgio Melo: Quando iniciará a próxima etapa do projeto e quais são as expectativas de finalização?
Helimarcos: A próxima etapa do projeto será justamente o plantio, a partir do mês de maio e ao longo do ano. As demais etapas, como o acompanhamento e monitoramento das mudas no campo, também serão realizadas, assim como o acompanhamento das árvores matrizes que produziram as sementes. Até o próximo ano, essas ações de acompanhamento das mudas, seu desenvolvimento e reposição serão realizadas até a conclusão do projeto em 2025.
Sérgio Melo: Visando as próximas etapas do projeto, qual é a importância delas para a conservação da espécie?
Helimarcos: Estamos agora em uma fase crucial do projeto, onde estamos avançando para a implementação de medidas concretas para proteger e restaurar a Amburana cearensis e seu habitat. Nas próximas etapas, focaremos no plantio de mudas em locais estratégicos, no monitoramento contínuo das espécies no campo e no envolvimento ainda mais profundo das comunidades locais. Essas etapas são essenciais para garantir o sucesso a longo prazo do projeto e para a conservação efetiva da espécie na Caatinga paraibana.
Sérgio Melo: Como você vê o papel das parcerias e colaborações neste projeto de conservação?
Helimarcos: As parcerias e colaborações desempenham um papel fundamental no projeto “Cumaru”. Sem o apoio e a expertise de nossos parceiros, seria muito mais difícil alcançar nossos objetivos de conservação. A combinação de financiamento, expertise técnica, redes internacionais e esforços locais tem sido fundamental para o sucesso do projeto até o momento, e esperamos continuar a fortalecer essas parcerias no futuro.
Sérgio Melo: Qual é a sua visão para o futuro da Amburana cearensis na Caatinga paraibana?
Helimarcos: Minha visão é otimista, mas também realista. Sabemos que enfrentamos desafios significativos na conservação da Amburana cearensis, mas acredito que, com os esforços contínuos e colaborativos como os do projeto “Cumaru”, podemos realmente fazer a diferença. Espero que, no futuro, possamos ver uma recuperação das populações de Amburana cearensis na Caatinga paraibana e um ambiente mais saudável e equilibrado para as gerações futuras.
Sérgio Melo: Muito obrigado, Helimarcos Nunes Pereira, por compartilhar conosco essas informações sobre o importante trabalho realizado pelo projeto “Cumaru”.
Helimarcos: Obrigado pelo interesse e pelo apoio ao nosso trabalho de conservação. Estamos comprometidos em fazer tudo o que pudermos para proteger e preservar a Amburana cearensis na Caatinga paraibana.