Estamos precisando de um “banho de floresta”

Estamos precisando de um “banho de floresta”

No Japão dos anos 80, a vida tinha se tornado mais urbana, tecnológica, confinada à escritórios e fábricas, gerando um ambiente estressante. Observando esse cenário sufocante, autoridades florestais japonesas criaram o conceito “shinrin-yoku”, ou banho de floresta, com o objetivo de incentivar a população a resgatar sua ligação com a natureza por meio de visitas relaxantes a parques nacionais e outras áreas verdes.

O banho de floresta obteve boa aceitação, muitos japoneses aderiram e os efeitos positivos da prática chamaram a atenção de cientistas, que passaram a realizar estudos sobre seus impactos fisiológicos e psicológicos.

As pesquisas comprovaram o que já era perceptível entre os praticantes do banho de floresta: a prática em visitar florestas e áreas verdes é capaz de reduzir a frequência cardíaca e pressão arterial, diminuir a produção de hormônios do estresse, estimular o sistema imunológico e melhorar a sensação geral de bem-estar. Com base nas evidências dos estudos, o “shinrin-yoku” tornou-se parte importante da política de saúde preventiva do Japão.

 

Japão iniciou no ano de 1982 o banho de floresta que em seguida espalhou-se por outros países – Foto: Sérgio Melo.

 

Práticas e estudos sobre o banho de floresta em terras brasileiras

O psicólogo Marco Aurélio Bilibio, fundador do IBE – Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, localizado em Brasília, foi um dos primeiros a abordar essa psicologia no Brasil, falou em entrevista à revista Ecoa do sistema UOL.

“A ecopsicologia busca olhar o ser humano sempre conectado com o seu ecossistema e na relação com as outras espécies. Somos seres essencialmente ecológicos e a nossa saúde depende da nossa relação com os outros humanos, mas também com os ecossistemas. Há uma equivalência entre o adoecimento dos ecossistemas e os adoecimentos humanos”. Marco Aurélio Bilibio.

O IBE é o principal centro de pesquisa e ensino da ecopsicologia no Brasil e tem formado pessoas para atuar como facilitadores da reconexão com a natureza, chamados de “ecotuners”. A Fiocruz firmou acordo de cooperação técnica e cientifica com o IBE em 2021, com duração de cinco anos, envolvendo definição de protocolos para a vivência, capacitação de facilitadores e elaboração de diretrizes para certificar áreas naturais para a prática. Estão previstas pesquisas para verificar a reação orgânica da população aos biomas brasileiros.

O objetivo é fortalecer a disseminação da prática em matas preservadas do Brasil, contribuindo também na proteção dos ecossistemas, seja através da sensibilização do público geral ou da renda gerada para as comunidades locais, que podem ser capacitadas para atuar como facilitadores dos banhos de floresta.

Segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, Marco Bilibio, os resultados de suas pesquisas responderam às dúvidas em relação às substâncias liberadas pelas árvores na atmosfera, chamadas de fitocidas. Estas substâncias seriam as maiores responsáveis por provocar reações físicas e no humor das pessoas.

Estudo realizado na Escola de Medicina Nippon, em Tóquio, comprova os benefícios da exposição às fitocidas que são capazes de aumentar a quantidade e atividade das células exterminadoras naturais, essenciais para o fortalecimento do sistema imunológico.

 

Área rural do município de Catingueira, cariri paraibano – Foto: Sérgio Melo

 

Na década de oitenta, o objetivo era oferecer um antídoto natural para o esgotamento causado pelo uso excessivo da tecnologia, além da correria da vida urbana e inspirar as pessoas a se reconectarem com a natureza e proteger as florestas do país. Os japoneses, então, adotaram essa prática como um exercício terapêutico.

As pessoas hoje passam a maior parte do tempo em lugares fechados, fixadas nas telas do computador ou no celular. A urbanização tem sido associada a níveis crescentes de doenças físicas e mentais. Vivemos o transtorno de “déficit de natureza”.

Você pode praticar Shinrin-yoku em qualquer lugar, em um parque próximo ou em seu próprio jardim. Reserve seu momento com a natureza!

 

Área rural do cariri paraibano – Foto: Sérgio Melo.
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