“Olha pro céu meu amor, veja como ele está lindo”: a maravilhosa obra junina de Luiz Gonzaga
O repertório das músicas juninas de Luiz Gonzaga é um dos mais importantes da grande obra do imortal sanfoneiro e cantador, tendo em vista a quantidade de músicas sucesso desde 1950, quando ele lançou a primeira do segmento, o baião A Dança da Moda, dele e de Zédantas: “No Rio tá tudo mudado, nas noites de São João, em vez de polca e rancheira, o povo só pede, só dança o baião”.
Desde então Luiz Gonzaga lançou baiões, polcas, marcas e forrós juninos que se imortalizaram na MPB e impregnaram o sentimental e telúrico de milhões de brasileiros no mês de junho.
Ele lançou, em 1951, a marcha joanina Olha Pro Céu, o maior clássico do segmento junino: “Olha pro céu, meu amor, veja como ele está lindo/ Olha pr’aquele balão multicor como no céu vai subindo”.
No ano seguinte, 1952, ele gravou mais duas pérolas juninas, o baião São João do Carneirinho: “Ai São João, São João do Carneirinho, você é tão bonzinho/ Fale lá com São José, peça pro meu mio dar, vinte espiga em cada pé”. E a marcha São João na Roça: “A fogueira tá queimando, em homenagem a São João/ O forró já começou, vamo gente rapá pé nesse salão”.
Em 1954 Luiz Gonzaga lançou o baião Noites Brasileiras – “Ai que saudades eu tenho das noites de São João/ Das noites tão brasileira sob o luar do sertão” – outra maravilha do seu repertório junino.
Ainda em 1954 Luiz Gonzaga foi a vez da polca junina Lascando o Cano, ainda do genial parceiro Zédantas: “Vamo, vamo Joana, vamo na carreira/ Vamo pra fogueira, festejá meu São João”.
No baião Lenda de São João, de 1956, Luiz Gonzaga canta o nascimento lendário do santo do carneirinho, adaptação do folclore nacional: “Diz que Santa Isabel, disse a prima Maria/ João vindo ao mundo, lhe aviso no dia/ Ao ver no meu rancho um grande clarão/ E uma fogueira, nasceu São João”.
No final da década 1950 ele lançou mais duas músicas de inspiração junina menos conhecidas: São João Antigo, em 1957, e a marcha Fogueira de São João, em 1959.
A obra junina do Rei do Baião na década 1960
O disco de Luiz Gonzaga Pisa no Pilão (A Festa do Milho), de 1963, inclui mais duas músicas de inspiração junina: A Festa do Milho e Pedido a São João.
Agora a obra-prima do repertório junino de Luiz Gonzaga, o disco Quadrilhas e Marchinhas Juninas, de 1965, cujo lado A é instrumental solo de sanfonas dos clássicos juninos dele, e o lado B cantado, incluindo duas polquinhas encantadoras de – Fogo Sem Fuzil e Quero Chá – do composior paraibano Zé Marcolino.
Luiz Gonzaga canta mais três músicas se referindo a coisas juninas no disco São João no Araripe, de 1968: Madruceu o Milho, Lenha Verde e Meu Araripe.
As músicas juninas de Luiz Gonzaga de 1970 e 1980
As músicas juninas ou forrós dançantes de Luiz Gonzaga da década de 1970 são poucos conhecidos em relação ao repertorio junino clássico dele: Dia de São João, São João nas Capitá, O Fole Roncou, Só Xote, Retrato de Um Forró, Forró de Zé Buchudo.
Em compensação o Rei do Baião emplacou na década 1980 com forrós de muito sucesso – principalmente no mês junino – dele e o parceiro João Silva, alguns gravados com as participações de jovens artistas de origem nordestina da MPB, Dominguinhos, Fagner e Elba Ramalho: Pagode Russo, Forró no Escuro, Danado de Bom, Sanfoninha Choradeira, Aproveita Gente, Deixa a Tanga Voar, Forró Nº 1.
Xico Nóbrega