Pesquisa inédita apresenta os hábitos culturais dos moradores de João Pessoa

 Pesquisa inédita apresenta os hábitos culturais dos moradores de João Pessoa

Levantamento Cultura nas Capitais detalha acesso, preferências e potencial de crescimento do público na capital paraibana; cidade se destaca pelo número de pessoas que praticam ao menos uma atividade cultural (40%)

João Pessoa (PB), março de 2025 – Maior levantamento sobre o tema já produzido no Brasil, a pesquisa Cultura nas Capitais analisou o comportamento dos moradores das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, revelando padrões de acesso, exclusão e preferências culturais. Em João Pessoa, os resultados mostram estreito vínculo da população com a culinária, música e festas regionais. É uma das cidades onde grande parte das pessoas realiza ao menos uma atividade cultural (40%).

A pesquisa entrevistou 19.500 pessoas em todas as capitais brasileiras, incluindo 600 moradores de João Pessoa, entre fevereiro e maio de 2024. O trabalho foi realizado pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do Ministério da Cultura, com parceria da Fundação Itaú.

O levantamento investigou o acesso e o interesse por atividades culturais, revelando um panorama dos hábitos da população de João Pessoa. Confira alguns destaques baseados nos resultados:

 

  • João Pessoa está entre as capitais com o maior número de pessoas que praticam alguma atividade cultural, inclusive de forma amadora (40%).Fotografia e vídeo (15%), dança (11%) e música (10%) estão entre os segmentos mais citados.
  • É a segunda capital em que o forró predomina no gosto musical da população, perdendo apenas para os moradores de Teresina (PI).
  • Ao menos uma exposição ou museu de João Pessoa foi visitado por entrevistados de outras 9 capitais brasileiras, confirmando a contribuição dos espaços culturais para o turismo
  • É a terceira cidade onde o centro histórico é apontado como um dos espaços culturais mais visitados. O percentual é de 7% contra 2% da média de todas as capitais.
  • É uma das cidades em que as pessoas mais vão ao teatro com amigos. Entre os que frequentaram teatro, 21% citaram esse tipo de companhia, contra 17% da média das capitais.
  • Está entre as cidades onde parques e praças são menos citados como espaço cultural mais frequentado (6%, contra 15% da média). O mesmo ocorre com museus e exposições (0,2%, contra 6% da média das capitais).
  • O cuscuz é considerado o prato típico de João Pessoa (33%), seguido pelo tradicional arroz com feijão (21%), próximo da média das capitais (19%).

 

 

Comparativo de João Pessoa com a média nacional

A pesquisa analisou as atividades culturais, comparando o desempenho de João Pessoa em relação à média das capitais brasileiras:

 

  • Leitura de livros: 59% dos pessoenses disseram ter lido ao menos um livro nos últimos 12 meses. É a atividade mais citada na cidade, embora esteja numericamente abaixo da média das capitais (62%).
  • Jogos eletrônicos: 48% da população de João Pessoa jogou pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores à pesquisa. O percentual é  numericamente menor que a média (51%).
  • Cinema: 40% dos moradores da capital paraibana disseram ter ido ao cinema no último ano. É a maior diferença percentual em relação à média das 27 capitais (48%).
  • Visita a locais históricos: 45% dos pessoenses estiveram em espaços históricos, porcentagem equivalente à média nacional.
  • Shows de música: 41% dos moradores de João Pessoa frequentaram shows musicais nos 12 meses anteriores à pesquisa, mesmo percentual da média das demais capitais.
  • Festas populares: neste quesito, 37% da população disse ter frequentado as festas populares, um pouco acima da média das demais capitais (36%). Para os moradores de João Pessoa, a Festa Junina é o evento mais importante da cidade (25%). O Carnaval é relevante na cidade (das pessoas que foram a festas populares, 58% viram blocos ou desfiles de Carnaval), mas as festas juninas têm peso ainda maior (75% dos frequentadores de manifestações populares foram a esse tipo de festejo).
  • Museus: o acesso a museus foi de 21%, abaixo da média das capitais (27%). É a terceira cidade na qual o “apreço pela história” é o que motiva as visitações (14% frente aos 8% da média das capitais). A maioria já esteve no Espaço Cultural José Lins do Rego, Estação Cabo Branco e Teatro Santa Roza.
  • Bibliotecas: 21% dos moradores disseram ter frequentado bibliotecas no período, menos do que a média das capitais (25%).
  • Teatro: dos entrevistados, 21% frequentaram o teatro nos últimos 12 meses, número abaixo da média das capitais (25%). Entre as principais razões que levaram o pessoense ao teatro estiveram: se divertir (24%), levar/acompanhar crianças (12%, contra 5% da média nacional), relaxar (9%, contra 4% da média). Os espetáculos infantis são os mais assistidos.
  • Dança: 25% dos respondentes disseram ter frequentado atividades relacionadas à dança, percentual parecido com o da média (24%) das capitais.
  • Feiras do livro: 18% da população afirma ter ido a uma feira do livro no último ano, patamar numericamente abaixo da média da pesquisa (21%).
  • Circo: 15% dos entrevistados foram ao circo, marca parecida com a média das demais capitais (14%).
  • Saraus: em relação à média das capitais, os moradores de João Pessoa frequentaram menos a atividade. O percentual é de 9% nos 12 meses anteriores à pesquisa, contra 12%.
  • Concertos de música clássica: 10% dos moradores foram a um concerto, valor numericamente acima da média nacional (8%)

 

 

Interesse do público e oportunidades para crescimento

O levantamento apurou o público potencial para as cinco atividades, considerando o número de pessoas que não frequentaram eventos culturais nos últimos 12 meses anteriores à pesquisa, mas que demonstram alto interesse. Se esse público fosse convertido em frequentadores, o acesso cultural na cidade seria ampliado.

  • Museus: o percentual de pessoas interessadas em visitar museus ou exposições é superior ao público que declarou ter ido, são 27% contra 21%. O resultado demonstra expressivo potencial de aumento no acesso às atividades.
  • Teatro: o acesso de moradores de João Pessoa ao teatro poderia superar 50%, se os muito interessados (32%) também tivessem frequentado espetáculos nos 12 meses anteriores à pesquisa.
  • Dança: 23% dos pessoenses manifestaram interesse em comparecer a eventos de dança. Número próximo aos que declararam ter ido (25%), indicando a possibilidade de elevar o índice de frequentadores.
  • Shows: a atividade está entre as mais citadas pelos moradores de João Pessoa. 41% disseram ter assistido pelo menos um show nos  12 meses anteriores à pesquisa. O número de frequentadores poderia ser ainda maior considerando os interessados (24%).
  • Festas populares: o comparecimento às festas está entre os mais citados pelos entrevistados (37%). A frequência poderia superar os 60% se considerado o público que manifestou interesse em participar (23%).

 

 

Oportunidades para políticas públicas e investimentos

Em João Pessoa, os entrevistados associam a cultura ao bem-estar e defendem investimentos no setor. A seguir estão algumas oportunidades a serem exploradas:

  • 80% dos entrevistados destacaram a importância de priorizar o setor cultural, com mais investimentos na promoção das atividades, sendo que 77% declaram preferir a arte brasileira na comparação com a estrangeira.
  • Para 84% dos moradores de João Pessoa a acessibilidade é um ponto fundamental na realização de atividades culturais, indicando a importância de ações que promovam o acesso e a inclusão.
  • Atividades em museus e teatros poderiam receber mais incentivo. Isso pode ser sugerido com base no interesse das pessoas (27% e 32%, respectivamente) que gostariam de ir, mas não compareceram em museus ou teatros nos 12 meses anteriores à pesquisa.

​​“Os dados mostram que João Pessoa tem um público engajado com a cultura, mas, ao mesmo tempo, revelam um grande potencial ainda não atendido. Há milhares de pessoas interessadas em frequentar museus, teatros, festas e shows, mas que ainda não conseguem acessar essas experiências. Isso aponta para uma oportunidade clara de investimento — seja por parte do poder público, seja da iniciativa privada — em ações que ampliem o alcance e a acessibilidade cultural”, defende João Leiva, responsável pela pesquisa.  “Apoiar a cultura em João Pessoa não é apenas valorizar a identidade local, mas também responder a uma demanda concreta da população”, completa.

 

Os dados completos, infográficos e relatórios estão disponíveis em: www.culturanascapitais.com.br.

 

Metodologia

Nesta edição da pesquisa Cultura nas Capitais foram ouvidas 19.500 pessoas, moradoras de todas as capitais brasileiras – as 26 estaduais, além de Brasília – com idade a partir de 16 anos, de todos os níveis socioeconômicos, entre os dias 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024. As pessoas foram abordadas pessoalmente em pontos de fluxo populacional. Ao todo, os pesquisadores foram distribuídos por 1.930 pontos de fluxo (entre 40 e 300 por capital), em regiões com diferentes características sociais e econômicas. Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.

Além da pergunta sobre renda, a pesquisa também adotou oCritério Brasil de Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns itens domiciliares de conforto e grau de escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população em classes: A, B, C, D ou E (Fonte: ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).

 

Sobre a JLeiva Cultura & Esporte

Consultoria especializada em concepção, planejamento, execução, análise e disseminação de dados e informações sobre o setor cultural no Brasil. Conduz estudos, mapeamentos e benchmarking para empresas privadas, instituições públicas e organizações sociais com atuação em cultura e esporte — como Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Vale, British Council, Vale, Nike, Museu do Amanhã e Instituto Goethe. Desde 2010, realiza pesquisas de hábitos culturais, consolidando-se como referência nessa área.

 

 

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