Pisa no Pilão (A Festa do Milho)
Os 60 anos do disco de A Morte do Vaqueiro
Por Xico Nóbrega
Luiz Gonzaga lançou em 1963, 60 anos atrás, a famosa toada denunciando a morte de um primo dele vaqueiro – Raimundo Jacó – assassinado no município de Serrita, em Pernambuco, em 1954.
Apesar do tema comovedor de A Morte do Vaqueiro, o repertório do disco Pisa no Pilão (A Festa do Milho) é todo festivo, engraçado, dançante, composto de baiões, xotes e marchinha junina.
São diversos os parceiros de Luiz Gonzaga nesse disco. Rosil Cavalcanti, José Marcolino José Jataí, João do Vale e Sebastião Rodrigues, Raimundo Granjeiro, Rui de Morais e Silva, Nelson Barbalho.
Algumas músicas do disco Pisa no Pilão se consagraram sucessos dele da década 1960. A Festa do Milho, Pedido a São João, Liforme Instravagante, Eu Vou Pro Crato, Faz Força Zé, e A Morte do Vaqueiro, a obra mais conhecida do disco.
Pra Onde Tu Vai Baião é menos conhecido. É a obra mais emblemática da fase crítica de sua carreira artística, fora da mídia da época – rádio, televisão e imprensa – e vendendo bem menos discos.
O Rei do Baião viveu tal fase de ostracismo e esquecimento da mídia da década 1960, devido o domínio da música jovem mundial e nacional, de Elvis Presley a Beatles, de João Gilberto a Roberto Carlos.
Por isso Luiz Gonzaga lamenta em Pra Onde Tu Vai Baião, nos clubes e nas boates não lhe deixavam mais entrar. Era só twist e bolero, rock e tchá-tchá-tchá. E que ele sabendo disto, era melhor se retirar, indo para o seu pé de serra onde ele era o rei do sertão.
Vale a penar conhecer o repertório lúdico e infantil do disco cinquentenário Pisa no Pilão (A Festa do Milho). Desse Jeito Sim, Liforme Instravagante, Casamento Improvisado, Faz Força Zé.
“Numa tarde bem tristonha, gado muge sem parar”
O grande sucesso do disco Pisa no Pilão (A Festa do Milho) de 1963 é, sem dúvida, a toada A Morte do Vaqueiro lamentando o assassinato misterioso e impune do primo dele, Raimundo Jacó.
Luiz Gonzaga de passagem por Recife, disse ao parceiro Nelson Barbalho de sua intenção de homenagear o tal primo morto naquelas condições.
“Eu disse que isso podia fazer um baião danado de bom, e na mesma hora Luiz Gonzaga pegou na sanfona e fez: ‘Lá rari lará’, e eu: ‘Numa tarde bem tristonha’, e ele: ‘gado muge sem parar/ Relembrando seu vaqueiro/ Que não vem mais aboiar’ e, no final da tarde, a música estava pronta”, recordava Nelson Barbalho.
O grande sucesso popular de A Morte do Vaqueiro inspirou a Missa do Vaqueiro anual no município de Serrita, desde 1971, um dos eventos culturais mais importantes do calendário cultural de Pernambuco, criado pelo Padre João Câncio, com apoio de Luiz Gonzaga.