Projeto Cumaru entra na fase final: Últimas ações no campo com resultados promissores para a conservação da Amburana cearensis
Na reta final, esforço de conservação da Amburana cearensis une ciência e comunidade, trazendo esperança para o futuro da Caatinga. Foto: Sérgio Melo
Por Sérgio Melo
Estamos na reta final do Projeto Cumaru, um esforço que uniu a Associação GAEA, o Jardim Botânico Araribá, o BGCI, a Fundação Franklinia e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) para salvar o cumaru, a Amburana cearensis, da extinção. Depois de anos de trabalho árduo e dedicação, a última ação de campo será realizada entre novembro e dezembro, momento em que uniremos comunidade e equipe técnica para o plantio das mudas. Este esforço coletivo já começa a impactar as comunidades locais, proporcionando esperança para o bioma da Caatinga.
Para entender melhor os avanços e a etapa final do projeto, conversei com Walter Alves de Vasconcelos, engenheiro agrônomo e coordenador técnico do projeto. O tom descontraído, mas comprometido de Walter reflete a cumplicidade da nossa equipe, que acompanha a evolução desse trabalho dia após dia, consciente da importância desse projeto não só para a Paraíba, mas para o planeta.
“Vamos lá, Sérgio,” começa Walter, sempre direto e didático. “Com relação à germinação, estamos prestes a concluir o protocolo, no próximo dia 6 de novembro. Será a última leitura, completando os 120 dias de observação. Estamos vendo um padrão de germinação de cerca de 50%, o que é positivo. As plantas nativas da caatinga têm um desenvolvimento naturalmente lento, entre 1 e 2 cm por mês, mas é um crescimento consistente, com as mudas já se desenvolvendo bem para o plantio em campo.”
Apesar das condições desafiadoras do clima paraibano, Walter comenta sobre a superação de dificuldades no processo de plantio.
“Mesmo aqui na Serra da Borborema, onde o clima é mais ameno, as plantas sofreram quando as expusemos diretamente ao solo. A perda foi grande, então as trouxemos de volta para áreas cobertas e as replantamos. Também plantamos mais de 500 mudas em sacos e outras 500 em sementeiras coletivas, para garantir que haverá mudas suficientes para o campo.”
Em novembro, nossa equipe estará nas comunidades para a última etapa de plantio. Este novo plantio será realizado com as mudas que estão prontas para ir a campo. Walter destaca que, em dezembro, o projeto receberá técnicos e parceiros da GAEA e BGCI para uma visita de acompanhamento, onde revisitaremos as áreas de plantio e as comunidades que se comprometeram com o cuidado dessas plantas.
“Essas visitas são fundamentais, Sérgio. Precisamos avaliar de perto o desenvolvimento das mudas e manter o diálogo com as comunidades responsáveis. Queremos que cada etapa do projeto fique registrada e documentada no relatório final, inclusive o impacto direto que já está sendo percebido,” ressalta Walter.
Ao longo desses dois anos, o Projeto Cumaru envolveu atividades de pesquisa, desenvolvimento de protocolos de germinação, educação ambiental e distribuição das mudas de Amburana cearensis, uma planta essencial para o equilíbrio ecológico da caatinga. A comunidade tem sido uma verdadeira aliada, mostrando-se engajada e consciente da importância da conservação. Agora, nos aproximamos das últimas ações, com o coração cheio de orgulho e um forte senso de responsabilidade ambiental.
Com essa última fase de plantio e a finalização do protocolo de germinação, o projeto encerra suas atividades de campo, mas a história da Amburana cearensis e de todo o bioma caatinga permanece viva, preservada e incentivada a prosperar.
Continue acompanhando as ações do Projeto Cumaru para conhecer os impactos de cada etapa, que envolvem ciência, educação e a valorização de uma natureza que precisamos, mais do que nunca, proteger e preservar.
