Segurança hídrica e revitalização dos açudes são caminhos para um futuro sustentável em Campina Grande
Por Sérgio Melo
Campina Grande é conhecida pelo seu espírito resiliênte e inovador, mas, vamos combinar, é hora de ampliar esse olhar para um recurso que corre, ou melhor, que deveria correr, abundantemente em nossas paisagens: a água. Vivemos em uma cidade com açudes que já foram sinônimos de lazer, cultura e até um certo charme bucólico. Porém, o Açude Velho e o Açude de Bodocongó hoje também carregam um histórico de descaso, recebendo esgotos e poluentes que comprometem sua saúde e a de todos nós. E convenhamos, os açudes, que poderiam ser espelhos d’água dignos de cartões-postais, não estão mais refletindo o cuidado e a responsabilidade que nossa cidade merece.
Vamos colocar na balança: investir em segurança hídrica e em projetos de responsabilidade socioambiental não é uma questão de luxo, mas de necessidade urgente. E Campina Grande tem exemplos inspiradores para olhar e adaptar. Em cidades de porte semelhante ao nosso, como Sobral (CE) e Sobradinho (BA), iniciativas vêm transformando açudes, rios e lagos urbanos em verdadeiros polos de revitalização, protegendo as fontes de água e, de quebra, trazendo mais qualidade de vida para a população. Por lá, o que antes era um problema ambiental virou solução, gerando áreas de lazer, atrativos turísticos e até mais empregos locais. Não seria incrível ver esse tipo de transformação aqui também?
Mas o que seria uma segurança hídrica, afinal?
A segurança hídrica é, em resumo, a garantia de que a água que usamos para beber, cozinhar, tomar banho e até regar nossas plantinhas seja limpa, segura e sempre disponível. Nossos açudes, ao longo das décadas, foram vítimas de uma espécie de “desleixo coletivo”: sem políticas de tratamento eficazes, eles viraram canais de esgoto a céu aberto. Não é só uma questão de imagem; é um problema que afeta nossa saúde e limita as potencialidades de nossa cidade.
Mas calma, o cenário pode mudar! E mudar para melhor. Projetos de segurança hídrica e responsabilidade socioambiental têm um alcance impressionante, e o impacto se reflete não apenas na saúde da água, mas também na qualidade de vida, no turismo, e até na economia. Afinal, quem não gostaria de passear com a família em um açude limpo, repleto de vida, em vez de evitar passar perto dele?
Exemplo inspirador: o Lago de Sobral (CE)
Em Sobral, um projeto de recuperação do Lago de Sobral trouxe à tona uma nova relação da população com o açude. A prefeitura, em parceria com instituições e apoio da comunidade, investiu em tratamento de esgoto, recuperação da fauna e flora nativas e criação de áreas de lazer em torno do lago. O resultado? Um ponto de encontro para famílias, esportistas, turistas e artistas locais que agora têm um espaço para lazer e cultura. Sobral conseguiu algo que parece distante para nós hoje, mas que não precisa ser: revitalizar um espaço natural e torná-lo uma extensão da vida urbana.
Reflorestamento e educação ambiental: os pilares de um projeto sustentável
Imagine só: áreas ao redor do Açude Velho e do Açude de Bodocongó com árvores nativas, jardins ecológicos e um sistema de tratamento de água de ponta. É claro que não basta investir apenas em obras de saneamento, mas também em reeducar a relação da população com esses espaços. Afinal, se o lixo e o esgoto continuarem parando nos açudes, os problemas serão sempre os mesmos.
É aqui que entra o impacto das ações de educação ambiental. Mostrar às futuras gerações que a água é um recurso finito e que precisa de cuidados é essencial para garantir que nossos açudes e rios tenham vida longa. Esse tipo de iniciativa faz com que cada morador entenda sua responsabilidade e se engaje para que a cidade se beneficie do bem-estar comum.
E como Campina Grande se beneficiaria disso tudo?
Investir em projetos como esses traria um retorno em qualidade de vida, valorização imobiliária e uma sensação renovada de orgulho para Campina Grande. Imagine um açude revitalizado, repleto de peixes, aves aquáticas e vegetação típica, cercado por ciclovias, parques, áreas para caminhadas e esportes ao ar livre. Além de melhorar a qualidade do ar e o bem-estar da população, um ambiente assim seria o cenário ideal para novas oportunidades de negócio, turismo e cultura.
Campina tem tudo para dar certo quando falamos de projetos de segurança hídrica e responsabilidade socioambiental. Se outras cidades, com as mesmas limitações e desafios, já estão fazendo, por que não nos inspirarmos? Afinal, o que queremos para o futuro de nossa cidade?
Investir em segurança hídrica é mais do que preservar o meio ambiente: é cuidar da nossa saúde, do nosso lazer e da identidade de Campina Grande. Vamos juntos?