Setor cultural do interior da Paraíba reage à centralização de escutas do Plano Nacional de Cultura
O Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult-PB), Energisa e o Comitê Paraibano de Cultura, enfrenta críticas do setor cultural do interior da Paraíba devido à decisão de realizar as escutas territoriais para a consolidação do Plano Nacional de Cultura exclusivamente em João Pessoa, nos dias 3 e 4 de dezembro. Para muitos representantes culturais, essa escolha demonstra uma falta de sensibilidade às particularidades regionais e à necessidade de inclusão dos agentes culturais espalhados pelo estado.
Descontentamento e mobilização
A centralização das oficinas na capital paraibana gerou um profundo sentimento de exclusão entre os agentes culturais do interior. Campina Grande, considerada um dos principais polos culturais do estado, liderou a reação ao lançar um abaixo-assinado que expõe os principais problemas decorrentes dessa decisão e propõe alternativas.
“A diversidade cultural do estado é nossa maior riqueza. Ignorá-la em um processo que visa fortalecer a cultura nacional é um retrocesso”, afirmou um representante cultural da cidade. O manifesto ressalta que o formato exclusivamente presencial dificulta a participação de artistas, produtores culturais e gestores de regiões distantes, devido às dificuldades logísticas e financeiras.
Propostas por mais inclusão
O documento, assinado por lideranças culturais e entidades do interior, sugere medidas que poderiam democratizar a participação no processo:
- Escutas virtuais: O uso de plataformas online garantiria que pessoas de todas as regiões da Paraíba pudessem participar.
- Oficinas itinerantes: Organizar eventos em várias cidades do estado ampliaria a diversidade e a representatividade.
- Prazo estendido para contribuições: Permitir o envio de sugestões online após as oficinas presenciais abriria espaço para mais vozes.
Os signatários destacam que essas iniciativas não apenas respeitariam as especificidades regionais, mas também alinhariam o MinC aos princípios de inclusão e participação popular, fundamentais para uma política cultural democrática.
Reconhecimento e apelo
Apesar das críticas, o setor cultural reconhece o valor do esforço do MinC e dos parceiros em realizar as escutas para o Plano Nacional de Cultura. Contudo, o apelo é por uma abordagem mais representativa. “Não é apenas uma questão de logística; é sobre ouvir e valorizar a multiplicidade de expressões culturais do nosso estado”, destaca um dos representantes do abaixo-assinado.
Oportunidade de diálogo
Essa mobilização é um convite ao Ministério da Cultura para que reconsidere sua abordagem e abrace as diversas vozes da Paraíba. Ao ampliar as formas de participação, o MinC não apenas fortalece o Plano Nacional de Cultura, mas também reafirma seu compromisso com a democratização e a valorização das culturas locais.
A comunidade cultural aguarda um posicionamento do Ministério e se mantém mobilizada para garantir que o processo seja, de fato, uma construção coletiva e plural.
O abaixo-assinado está aberto a todos que desejam defender a inclusão e a representatividade cultural na Paraíba. Artistas, produtores culturais, gestores, entidades e cidadãos comprometidos com a diversidade cultural e a participação democrática podem contribuir assinando o manifesto por meio do link: Manifesto de Repúdio à Exclusão do Interior da PB na Escuta ao Plano Nacional de Cultura. A união de esforços é essencial para garantir que as vozes de todas as regiões do estado sejam ouvidas nesse importante processo.