A Importância da Preservação do Centro-Histórico de Campina Grande

 A Importância da Preservação do Centro-Histórico de Campina Grande

Rua Monsenhor Sales, antigo Beco do 31. Foto: Sérgio Melo

Por Sérgio Melo 

 

Campina Grande, cidade com rica história e cultura, abriga um importante acervo arquitetônico e cultural que merece destaque: o centro-histórico. Esse patrimônio, em grande parte representado pelo conjunto de edifícios em estilo Art Déco, é um tesouro muitas vezes negligenciado, mas que possui um valor inestimável para a identidade local e o desenvolvimento econômico, principalmente por meio do turismo cultural. 

Ao caminhar pelas ruas centrais de Campina Grande, é possível perceber traços marcantes de sua evolução urbana. No entanto, essa transformação muitas vezes ocorreu em detrimento do seu patrimônio histórico. Entre o início do século XX e as décadas de 1920 e 1930, a cidade passou por profundas mudanças, com a introdução do estilo Art Déco, que veio a simbolizar a prosperidade trazida pelo apogeu econômico dos “senhores do algodão”. A herança desse período está presente em prédios como o Anésio Leão (atual Biblioteca Municipal e sede do Instituto Histórico de Campina Grande), além de outras construções que se espalham pelas ruas Cardoso Vieira, Venâncio Neiva e Maciel Pinheiro, formando um conjunto único, apelidado de “Art Déco Sertanejo”. 

Contudo, a preservação desse conjunto arquitetônico tem enfrentado desafios. Desde os anos 1990, as construções sofreram mutilações, demolições e descaracterizações, principalmente em função da especulação imobiliária e da falta de conscientização quanto ao valor cultural desse patrimônio. A tentativa de reverter esse cenário ocorreu em 1999 com a criação do Programa Campina Déco, que visava requalificar uma área urbana de 150 construções. Infelizmente, o projeto não teve continuidade, e a preservação do centro-histórico seguiu ameaçada. 

A preservação desses espaços é vital não apenas para manter viva a história de Campina Grande, mas também para impulsionar o turismo. Muitas cidades, como Recife, Salvador e Ouro Preto, já utilizam seus centros históricos como polos turísticos, atraindo visitantes em busca de cultura, história e identidade local. Campina Grande, além de ser internacionalmente reconhecida pelo “Maior São João do Mundo”, tem o potencial de se destacar também no turismo cultural, aproveitando seu rico acervo arquitetônico. 

 

Rua Maciel Pinheiro e Rua Monsenhor Sales, antigo Beco do 31. Foto: Sérgio Melo
Rua Maciel Pinheiro e Rua Monsenhor Sales, antigo Beco do 31. Foto: Sérgio Melo

 

O turismo cultural tem um papel significativo na valorização do patrimônio histórico e na promoção de uma relação harmônica entre a cidade e seus visitantes. Ele proporciona uma vivência autêntica, na qual o turista pode se conectar com a memória da cidade, suas tradições e sua cultura, não apenas visitando museus e monumentos, mas interagindo com o cotidiano e a história local. A cidade torna-se, então, um museu a céu aberto, onde cada prédio, praça ou rua conta uma parte da história. 

Para que Campina Grande se projete como um destino cultural atrativo, é necessário que haja uma ação coordenada entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil. Isso inclui a implementação de políticas de preservação mais eficazes, como a fiscalização e punição dos responsáveis por intervenções ilegais no centro-histórico. Além disso, um amplo trabalho de educação patrimonial pode sensibilizar tanto a população local quanto os turistas sobre a importância de valorizar e preservar esses bens culturais. 

A cidade precisa se preparar para absorver o fluxo turístico que busca experiências culturais autênticas. Investir na revitalização do centro-histórico é essencial para que Campina Grande se destaque nesse cenário, integrando passado e presente em uma convivência harmoniosa, que fortaleça sua economia e sua identidade cultural. 

Em um mundo onde o turismo cultural cresce exponencialmente, a preservação do patrimônio histórico de Campina Grande deve ser vista como uma prioridade. O centro-histórico não é apenas um vestígio do passado, mas um recurso valioso para o desenvolvimento sustentável da cidade, que pode gerar empregos, movimentar o comércio local e fortalecer a economia através do turismo. 

Portanto, preservar o centro-histórico de Campina Grande é garantir que as futuras gerações possam conhecer e se orgulhar de suas raízes, ao mesmo tempo em que se projeta um futuro onde a história e a cultura local desempenham um papel central no desenvolvimento econômico e na valorização da cidade. 

 

Edifício Anésio Leão (atual Biblioteca Municipal de Campina Grande)
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